Sem Terra ocupam a Câmara dos Vereadores de São Paulo para
receber homenagem
A Salva de Prata, mais alta honraria oferecida a uma
instituição pelo Legislativo Paulistano, foi concedido pelo vereador Jair Tato.
19 de outubro de 2019 08h35
A força e a mística do povo Sem Terra ocuparam a Câmara dos
Vereadores da cidade São Paulo na noite dessa sexta-feira (18), para entrega da
Salva de Prata. A homenagem, que foi proposta pelo vereador Jair Tato (PT) como
reconhecimento aos 35 anos de luta do Movimento Sem Terra, é a mais alta
honraria oferecida a uma instituição pelo Legislativo Paulistano.
Entre os presentes na sessão solene estavam o proponente da
sessão, vereador Jair Tato (PT), seu irmão, o deputado federal Nilton Tato
(PT-SP), presidente nacional do PT, Geleis Hoffmann, a desembargadora, juíza
aposentada e co-fundadora da Associação de Juízes para a Democracia (AJD),
Kenarik Boujikian, a vice-presidente do Conselho Municipal de Segurança
Alimentar e Nutricional de São Paulo (COMUSAN), Vera Vilela, o representante da
Via Campesina, Ubiratan Dias, o vereador Eduardo Suplicy, o diretor executivo
do Sindicato, Carlos Caramelo, a integrante da coordenação nacional do Levante
Popular da Juventude, Élida Elena e, representando o MST, um dos coordenadores
nacionais do Movimento, Gilmar Mauro.
As falas ressaltaram a atuação do MST na defesa da Reforma
Agrária, na valorização da função social da terra, na luta por um novo modelo
de produção agrícola orgânica e sustentável e pelo direitos dos trabalhadores
rurais.
“Considero que poder homenagear o MST seja um feito de muita
honra. Sou privilegiado em contribuir com o maior movimento social do nosso
país, que com bravura enfrenta os que se dizem mais poderosos e as incertezas
da nossa política. Há razões para acreditarmos! E estou grato por isso”,
comemorou Jair Tatto. O parlamentar, autor do Projeto que deu origem ao Decreto
Legislativo 43/2019, aprovado em 21 de agosto de 2019, para homenagear os 35
anos do MST, também é o responsável pela PL 17.162, que colocou a Semana da
Feira Nacional da Reforma Agrária no Calendário Oficial de Eventos da Cidade.
"Minha intenção com essa homenagem é difundir o MST
nessa cidade de 12 milhões de habitantes. Eu quero que as pessoas conheçam o
MST, esse movimento que luta, resiste e que melhora a vida das pessoas por onde
chega”, concluiu.
Na mesma linha, Vera Vilela, falou da importância desse reconhecimento
no atual momento em que vivemos: "É emblemático o MST receber essa
homenagem numa cidade que sobreviveria se o campo não plantasse". Ela
também citou a importância da manutenção de programas como PNAE (Programa
Nacional de Alimentação Escolar), que determina que no mínimo 30% da
alimentação escolar seja composta por produtos da agricultura familiar.
“Até 2026 toda alimentação oferecida nas escolas da rede
pública deverá ser orgânica ou de base agroecológica. E, para que isso de fato
aconteça, a produção
do MST é fundamental”, destacou.
Gleisi Hoffmann agradeceu ao Movimento na luta pela
democratização da terra ao longo desses 35 anos. “Não podemos conceber uma
sociedade justa e igualitária com tanta concentração de riqueza, desigualdade e
tanta falta de justiça social. Ao longo de sua história o MST nos ensina sobre
cooperação, produção saudável, resistência e solidariedade. Não tem uma luta
social que façamos nesse país que o MST não está lá presente com suas bandeiras
hasteadas”, destacou. Em nome da coordenação nacional do MST, Gilmar Mauro
agradeceu a iniciativa da Câmara dos
Vereadores.
"Vou falar em nome dos milhões que gostariam de estar
aqui e dos que não podem porque tiveram suas vidas ceifadas na luta por uma
sociedade melhor. O MST sempre topou debater as diferenças políticas e
ideológicas dentro do espirito democrático, por isso, agradecemos a honraria
concedida aqui hoje. Essa homenagem não é só do Movimento Sem Terra e deve ser estendido
a cada organização da Via Campesina, cada quilombola, cada índio que ainda resiste
cada mulher, quebradeira de coco, cada pequeno e pequena agricultora e,
sobretudo, a cada um daquelas e daquelas que antes de nós lutaram. Com eles
aprendemos e sua memória levará conosco. A vocês, queremos afirmar que enquanto
existir um Sem terra nesse país, o MST continuará ocupando latifúndio",
afirmou.
Gilmar também falou sobre o companheirismo, um dos
principais pilares, do MST. “Se somos umas das organizações mais longevas do
país é pela razão de que encontramos na militância brasileira e internacional
uma das coisas mais bonitas que é a solidariedade”. Não fosse a solidariedade
de classe o MST não existiria, por isso, essa honraria não é só nossa, mas de
todas e todos que defendem a luta por justiça social nesse país, finalizou. Condecorações
O Armazém dos Campos, loja de produtos da Reforma Agrária do
MST e a Editora e Livraria Expressão Popular, também receberam homenagens da Câmara
durante a sessão solene.
Em paralelo à solenidade foram expostos produtos produzidos
em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, uma exposição de cartazes
históricos da luta pela terra e um breve seminário sobre diferentes formas e
olhares da produção de alimentos.
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