sexta-feira, 30 de junho de 2023

Marabá: Projeto Passaporte para Vitória lança copa de futebol Competição tem início na próxima segunda (3) e contempla os 25 polos regionais do projeto no Pará Publicado em 27/06/2023 às 21:20 Andrey Lopes, 11 anos, morador da Nova Marabá e aluno do PPV O projeto socioeducativo Passaporte para Vitória (PPV) chega a Marabá nesta quarta-feira (28), às 16h, com a participação do ex-lateral do Flamengo, Léo Moura e do senador Zequinha Marinho (PODEMOS-PA). Na ocasião, será realizada programação destinada a centenas de crianças e adolescentes na quadra do Arena do Tatuzão, no Vale Itacaiúnas, e o lançamento da copa de futebol do projeto. A primeira edição da Copa Passaporte Para Vitória tem início na próxima segunda-feira (3) e segue até o dia 27 de agosto, com partidas envolvendo os 25 polos regionais do projeto no estado. Os atletas de Marabá e Jacundá jogarão entre 7 e 12 de agosto. O PPV foi desenvolvido pelo Ministério do Esporte, com gestão do Instituto Léo Moura. No Pará, é realizado em parceria com o parlamentar desde outubro de 2022. Seu objetivo é gerar oportunidades para crianças e jovens dos 5 a 17 anos, por meio do incentivo à prática esportiva, aos 7,5 mil alunos paraenses, com atividades esportivas e de formação cidadã, garantidas por proposições de emendas de Zequinha Marinho. Entre as crianças contempladas pelo PPV está Andrey Lopes, de 11 anos, morador da Nova Marabá, que participa desde janeiro deste ano. Ele nasceu com má formação nas mãos e pés, sendo acolhido e recebendo a atenção necessária do projeto, onde joga e se integra à atividade esportiva junto aos 668 alunos dos dois polos de Marabá, graças às órteses que utiliza no lugar dos pés. “O Andrey é um exemplo e acaba se tornando uma referência a todos os meninos e meninas que participam de nosso trabalho. Ele é tão bom zagueiro quanto batedor de falta,” diz a coordenadora do projeto Marabá 2, Gisele Barbosa. O jogador e o parlamentar prosseguem na agenda de visita e divulgação da competição, visitando Jacundá, Tailândia e Ananindeua nesta quinta (29) e Capitão Poço, Capanema e Castanhal nesta sexta (30). esportes, ministério do esporte, projeto passaporte para vitória DEIXE SEU COMENTÁRIO
Acessos viram preocupação com nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Marabá Representante do consórcio responsável pela estrutura se reuniu com vereadores nesta terça (28) para prestar contas e atualizar informações sobre a obra Publicado em 28/06/2023 às 23:48 Durante reunião com representantes do consórcio que está construindo a nova ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, em Marabá, o gestor da Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), Fábio Moreira, disse que, em relação ao trânsito de veículos, é preocupante o projeto de acesso à nova ponte dos dois lados – Nova Marabá e São Félix. Para ele, o primeiro ponto em discussão é se a mineradora Vale entregará uma ponte ou um novo sistema viário de trânsito, sendo necessário definir de quem é a obrigação do sistema. “O gargalo não é a ponte, mas sim o trânsito,” advertiu. O encontro ocorreu na Câmara Municipal de Marabá nesta terça-feira (28), promovida pela Comissão de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá, que recebeu representantes da Vale, do Consórcio Ponte Rio Tocantins (CPRT) e da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM). O presidente da comissão, Miguelito (PDT), destacou que esse é o momento de avançar e verificar sobre o andamento da obra, bem como a utilização da mão de obra marabaense. Coube a Eduardo Meira, líder do consórcio, atualizar as informações sobre os serviços. Ele falou dos investimentos locais e do compromisso firmado com a Vale para a utilização de fornecimento do comércio e trabalhadores locais. “As empresas do consórcio têm como premissa a responsabilidade social,” garantiu. O total de investimento da obra é de R$ 4,1 bilhões e a parte do Consórcio é de R$ 1,6 bilhão. Meira salientou que 130 empresas foram homologadas dentro do sistema para fornecimento de produtos e serviços. “Visualizamos 42 oportunidades para empresas locais. Até o final de maio, já demandamos para 35 delas. Sobre a mão de obra local, sentimos cobrança e temos como regra manter pelo menos 80% do pessoal daqui da cidade. Atualmente temos 457 contratados, dos quais 377 são de Marabá,” revelou. Eduardo Meira Ele ainda expôs que até o dia 16 de junho já foram contratados R$ 3.144.810,00 em valores de fornecedores de Marabá. “A grande massa é de funcionários para realizar a obra. A gente dá prioridade aos que residem na área diretamente afetada; grande parte é de São Félix, Morada Nova e Nova Marabá. Temos aberto no Sine [Sistema Nacional de Emprego] mais 262 postos de trabalho que estão à disposição. Já abrimos para fazer coleta de currículos,” expôs. Sobre o cronograma de execução, Meira frisou se tratar de uma obra longa, e que no próximo ano é que se espera o pico com cerca de 1.500 contratações de trabalhadores. “Esse ano serão em torno de 700 pessoas”, antecipou. Um dos pontos mais questionados pelos vereadores foi sobre os acessos à ponte. De acordo com eles, é necessário que se pense no trânsito e na mobilidade urbana, em um novo sistema viário. O presidente do Poder Legislativo, Alecio Stringari (PDT), destacou a importância do projeto para a cidade. “A preocupação da Casa é com a mão de obra local e também com a valorização dos fornecedores de nossa cidade. Gostaria de saber como é feita a concorrência de compra de material, se é aberta para o cenário regional ou se é focada nas empresas cadastradas para a obra?”. A vereadora licenciada e presidente da Fundação Casa da Cultura, Vanda Américo (Cidadania), também foi enfática e dura ao cobrar emprego para cidadãos marabaenses. A mão de obra qualificada, afirma, também deve ser aproveitada e não apenas trabalhadores braçais: “O pessoal faz graduação, mestrado, especialização e essa oportunidade nunca chega. Vamos intimar a Vale para vermos essa questão do preconceito. Entre os profissionais daqui e de fora eles dão preferência aos de fora. É uma falta de respeito total, não dá mais para tolerar isso no contexto atual”. Miguelito fez coro à crítica, citando a quantidade de alunos de cursos de Engenharia que não são contratados pela Vale: “Quando a gente qualifica, vocês não contratam. A Vanda reclama porque esta é a nossa revolta de muitos anos”. O representante do consórcio respondeu aos questionamentos dos parlamentares e disse que a concorrência é padrão de mercado, dentro da responsabilidade social da empresa. “Existem concorrências mais localizadas e outras que são abertas para o Brasil inteiro. Temos cerca de 80% da mão de obra direta local. Nossa mão de obra passa pelo Sine,” justificou. Sobre o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), ele afirmou que a previsão é de que haja arrecadação municipal da ordem de R$ 75 milhões em quatro anos de obras. CPRT, Infraestrutura 5 COMENTÁRIOS EM “ACESSOS VIRAM PREO
Projetos de Marabá são selecionadas para segunda fase do Prêmio Innovare As iniciativas de três promotorias de justiça do município abrangem educação, violência contra a mulher, meio ambiente e transformações sociais Publicado em 30/06/2023 às 13:13 Promotoria Ambiental desenvolve Projeto Sarã em parceria com a Fundação Casa da Cultura de Marabá junto aos ribeirinhos Nesta quinta-feira (29), as Promotorias de Justiça de Marabá receberam a consultora do Prêmio Innovare, Jordana Athias, para a realização de entrevista referente à segunda fase da premiação. A iniciativa busca identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no país. No município, foram dois projetos selecionados para participar da etapa da premiação. O projeto “Conscientizar: a melhor forma de prevenir” é da 3ª e 5ª Promotorias de Justiça de Marabá, cujas titulares são as promotoras Francisca Paula Morais da Gama e Cristine Magella Corrêa Lima, junto com os servidores Antonio Motta e Jairo Mororó. Já o projeto “Sarã” é da 8ª Promotoria de Justiça de Marabá, de titularidade da promotora Josélia Leontina de Barros Lopes, com participação do promotor Erick Ricardo de Souza Fernandes de São Geraldo do Araguaia, e da equipe da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Mirtes Emília Almeida Manaças e Vanda Régia Américo Gomes. Projeto Conscientizar A iniciativa “Conscientizar: a melhor forma de prevenir” consiste no estímulo da implementação da Lei 14.164/2021 que alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para incluir conteúdo sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica, e instituiu a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher no município. A alteração busca impulsionar a reflexão crítica entre estudantes, profissionais da educação e comunidade escolar da rede pública e privada de ensino, além de integrar e capacitar a rede de educação no desenvolvimento de estratégias para o enfrentamento da violência. Assim, o projeto das duas promotorias visa acelerar a aplicação da lei, uma vez que os professores ainda não estavam preparados para abordar o tema entre os jovens. Foram realizadas reuniões com o intuito de padronizar uma formação que atendesse aos jovens e à rede de combate à violência contra a mulher de Marabá para as escolas. Com isso, montou-se um material padrão, com slides, folders e cartazes, além de mobilizar órgãos de justiça – Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública, Secretarias Municipais, Conselhos, Associações, advogados – e sociedade civil organizada como um todo, em prol da Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher e garantia da aplicação da nova legislação em tempo recorde. Os efeitos da proposta já foram sentidos, resultando em relatos de estudantes que sentiram ou observaram o reverberar da violência na vida de seus colegas, afetando inclusive sua aprendizagem escolar. Seu alcance superou as expectativas e os pedidos dos professores para oportunizar que turmas tenham acesso à palestra foram múltiplos. Práticas de transformações ambientais e sociais Após estudo geográfico, baseado em imagens históricas de satélites, verificou-se ao longo dos anos a efetiva diminuição territorial das ilhas localizadas à montante do Rio Tocantins devido ao processo de erosão. Com a análise foi observada forte influência antrópica neste processo natural, por meio do desmatamento da margem das ilhas (mata ciliar), de queimadas pontuais ou poda de vegetação. Tal observação foi iniciada pela 8ª Promotoria de Justiça, em parceria com a Fundação Casa da Cultura de Marabá, que a partir do concluído criou o Projeto Sarã. No intuito de cessar a situação, a iniciativa fomenta a recuperação da mata ciliar dessas ilhas e outras ações ambientais e sociais, com a participação da própria comunidade local, os ribeirinhos. As atividades desenvolvidas inserem as famílias que por ali residem, ao conscientizar das ações que impactam e degradam o meio ambiente, bem como ao promover a preservação do meio ambiente, visando aumentar a qualidade de vida ao trabalhar os pilares do tripé da sustentabilidade: social, ambiental e econômico. Disponibilizam-se ainda conhecimentos técnicos para o aprimoramento da principal atividade desenvolvida na ilha, a agricultura. No local, cultiva-se mandioca, arroz, banana, milho, feijão e criam-se galinhas. Além disso, a subsistência da comunidade local depende da atividade de pesca e, por essa razão, é importante a povoação de plantas nativas que possam evitar a erosão das encostas dos rios e, ainda, fornecer alimentos aos peixes. O projeto surgiu em 2019, com o intuito de contribuir para o processo de preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas das ilhas do rio Tocantins e, também, contribuir diretamente com a qualidade de vida dos ribeirinhos. O trabalho realizado trouxe a mitigação da degradação provocada pelo uso desorientado dessas áreas juntamente com a reconstrução gradativa da fauna e da flora. São feitas visitas às ilhas e construído um diagnóstico do meio físico e sociocultural, por meio de observação do ambiente e realização de entrevistas junto aos moradores locais. A atuação é constante a fim de propor alternativas de uso sustentável daquele território, de modo a garantir a permanência e sustento dos moradores, sem prejuízo ambiental. Justiça, Meio Ambiente, prêmio innovare, sustentabilidade, violência contra a mulher DEIXE SEU COMENTÁRIO
Influenciadores defendem integração das redes de esquerda em Encontro inédito realizado pelo Sindipetro ES O evento reuniu 26 especialistas em comunicação e produtores de conteúdo do campo da esquerda, de diferentes plataformas digitais Notícias 28 de junho de 2023 Foto: Sindipetro ES/Pulso Por Alessandra Murteira Da imprensa da FUP om a provocativa temática “Redes, Riscos e Ruas: A nova (des)ordem da informação”, o Sindipetro ES e a agência de comunicação Pulso Conteúdo reuniram nos dias 22 e 23 de junho, em Vitória, um elenco de 26 especialistas em comunicação, influenciadores e produtores de conteúdo do campo da esquerda, de diferentes plataformas digitais. O objetivo foi trocar experiências e debater novas estratégias de ocupação das redes, como tática fundamental no processo de mobilização da classe trabalhadora. Dirigentes e jornalistas da FUP, do Sindipetro PR e SC e do Sindipetro PE e PB estiveram presentes, junto com outros 150 comunicadores e ativistas digitais que participaram dos dois dias do evento. “Esse encontro é uma sementinha que estamos plantando e queremos que se espalhe por todo o país, envolvendo mais e mais sindicatos”, afirmou o coordenador do Sindipetro ES, Nísio Hoffmann. Foto: Sindipetro ES/Pulso Além de discutir a batalha das ideias na internet e a construção de um ecossistema do campo da esquerda nas redes, o Encontro de Ativistas Digitais debateu a necessidade de regulação das plataformas, o fortalecimento das comunidades e redes de afeto, coletivos alternativos de comunicação, o marketing de influência como catalisador de uma rede de produtores de conteúdo progressistas e a necessidade de organização e mobilização para além das redes sociais. Foto: Sindipetro ES/Pulso “Nenhum outro evento no Brasil reuniu tantos produtores de conteúdo, intelectuais, ativistas e comunicadores para falar sobre comunicação, redes e atuação política. O que fizemos foi muito importante e especial. Espero, realmente, que esse tenha sido apenas um primeiro passo. Que venham outros, maiores e melhores”, destacou Lui Machado, estrategista de mídia da Pulso. Durante o evento, foram realizadas sete oficinas com comunicadores, produtores de conteúdo e ciberativistas do campo da esquerda que compartilharam informações e dicas sobre produção de podcasts, mobilização popular nas redes, como criar audiência no TikTok e no Instagram, produção de storytelling para alavancar conteúdos, estratégia de anúncios para aumentar o engajamento e alcance nas redes, marketing de influência e utilização de dados nas plataformas. Foto: Sindipetro ES/Pulso As oficinas foram ministradas por comunicadores com vasta experiência e engajamento nas redes, como Laura Sabino, Humberto Matos (Coletivo Soberana), Cristiano Botafogo (Medo e Delírio em Brasília), Dimitra Vulcana, Carolline Sardá, Josué Alves, Henrique Parra (Boca de Lobo), entre outros. Regular as plataformas O painel que abriu o Encontro na última quinta (22/06) discutiu os desafios táticos e políticos da comunicação de rede para o campo progressista. Marina Pita, coordenadora-geral de liberdade de expressão e combate à desinformação da Secretaria de Políticas Digitais do Governo Federal, alertou para os riscos da falta de regulamentação da comunicação digital no Brasil, principalmente em uma conjuntura permeada por ataques à democracia e avanço do analfabetismo funcional e dos “desertos de notícias”, regiões onde não há veículos de comunicação para informar a população local. Ela destacou que, enquanto vários países estão criando mecanismos regulatórios para as redes sociais, no Brasil isso ainda é muito difícil, vide a campanha que as grandes corporações que controlam as plataformas fizeram para impedir a votação do Projeto de Lei 2.630/2020. Também conhecido como “PL das Fake News”, o projeto propõe diretrizes para a Lei Brasileira de Liberdade na Internet, Responsabilidade e Transparência Digital e, por conta de seu caráter regulatório, tem sofrido ataques das chamadas “big techs” que controlam a internet no Brasil: Alphabet (Google e Youtube), Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Twitter, Byte Dance (TikTok) e Telegram. Dever de cuidado “Hoje, as plataformas digitais não podem ser responsabilizadas judicialmente pelo conteúdo que terceiros produzem e isso está sendo questionado pelo governo federal. Queremos que a regulação estabeleça o dever de cuidado sistêmico”, afirmou Marina, ressaltando a urgência de ações de prevenção à desinformação, de prestação de contas e de proteção ao usuário, através da criação de um órgão de supervisão e governança das plataformas, além da necessidade de regulação da publicidade na internet. Foto: Sindipetro ES/Pulso A advogada Flávia Lefèvre, especialista em direitos digitais, lembrou que, há pelo menos 20 anos, a direita se utiliza da internet para turbinar suas ações políticas e antidemocráticas no mundo. Ela enfatizou que a desinformação e o discurso de ódio não dependem só da regulação das plataformas digitais, pois a direita conta também com o apoio da mídia tradicional para reverberar pautas de interesse comum. É o caso, por exemplo, da CPI que tenta criminalizar o MST. “Não dá para jogar todas as expectativas na lei”, afirmou Lefèvre, que defende o PL 2.630, porém cobra melhorias no texto. “O poder oligopolista das plataformas precisa ser debatido e questionado, mas não podemos perder de vista que é no campo digital que o debate público tem avançado no contraponto às pautas da extrema direita”, alertou. Fortalecer os afetos O historiador e youtuber Rodrigo Kenji, explicou que quando criou há cinco anos o canal Normose, quis levar a sua experiência de sala de aula para o streaming, com o objetivo de combater, da forma mais didática possível, a desinformação. Ele foi então percebendo que, além do conteúdo, “era preciso olhar para os afetos e a atenção”, pois na internet “tudo funciona dentro do medo, da paranoia, da insegurança”. Foto: Sindipetro ES/Pulso Kenji destacou que para enfrentar esse desafio de comunicação é preciso falar de afetos, lembrando que o medo e a paranoia são instrumentalizados pela extrema direita como afetos que geram imobilização. “A esquerda fica paralisada no contraponto à desinformação e não age, nem mobiliza as agendas de transformações”, ressaltou. Redes alternativas Para ele, a disputa por corações e mentes nas redes deve ser feita de forma organizada e coletiva, como aconteceu durante a cobertura da CPI da Covid. “Atuamos como uma comunidade e isso fortaleceu os afetos”, o que fez com que as pessoas se reconhecessem na mesma luta e saíssem da passividade. “Não adianta um ou dois youtubers criarem conteúdos isolados. É dentro dos coletivos organizados que está a saída. Precisamos investir em comunidades de comunicadores, com uma ação coletiva nas redes”, afirmou. Foto: Sindipetro ES/Pulso Na parte da tarde, o Encontro de Comunicadores e Ativistas Digitais do Espírito Santo aprofundou o debate sobre a construção de redes alternativas de comunicação, com uma mesa dedicada ao tema. O jornalista Fausto Salvatori, criador da Ponte Jornalismo, a comunicadora Dríade Aguiar, fundadora do Mídia Ninja, e Thainã de Medeiros, do coletivo de comunicação popular Papo Reto, do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, falaram sobre suas trajetórias e trocaram experiências com o público. ​ Galo: “A internet é a nova rua” O segundo dia do evento (23/06) reuniu na mesa da manhã Paulo Galo, líder do Movimento dos Entregadores Antifascistas, o historiador João Carvalho, youtuber do canal Assim disse João, o coordenador de comunicação do MST, Wesley Lima, e a deputada estadual Camila Valadão (PSPL/ES). Galo falou sobre a importância do jaleco laranja como identidade visual dos trabalhadores petroleiros e como isso dá pertencimento à categoria e aos aliados na luta em defesa da Petrobrás. Ele comentou sobre a necessidade dos entregadores terem também uma identidade coletiva, de modo que possam se enxergar como classe trabalhadora e não empreendedores. “A internet é a nova rua, a greve não tem condições de parar a esteira, mas pode gerar uma imagem nas redes que faça o capitalista estremecer”, afirmou. Foto: Sindipetro ES/Pulso João Carvalho chamou atenção para a necessidade de resgate da sociabilidade do ser humano, que atualmente se torna cada vez mais atomista e individualizante. “Nosso desafio é retomar a sociabilidade de todos para todos, a internet é uma Ágora que precisa ser tomada e subvertida. A ideologia e a alienação trabalham juntas e o sujeito alienado se vê sozinho. Isso que temos que conter e o desafio da internet é isso. Somos influencers para abrir caminho para a construção de uma teia que organize a massa dos trabalhadores, pois quando nos organizamos, nos tornamos perigosos”, afirmou. Pelo povo, com o povo e para o povo O coordenador de comunicação do MST falou sobre a importância da massa de trabalhadores ser protagonista dos processos de comunicação, com criatividade e o exercício constante de olhar para a atualidade, mas também de resgatar os saberes populares. “Uma comunicação que seja construída pelo povo, com o povo e para o povo e que atue em três dimensões que não podem ser dissociadas: o anticapitalismo, o antipatriarcado e o antirracismo”, afirmou Wesley. Foto: Sindipetro ES/Pulso A deputada Camila Valadão destacou a luta de seu mandato por realizar uma comunicação coletiva, onde as redes sejam entendidas para além do reforço das personalidades. “Estamos fazendo na prática uma disputa sobre concepção da comunicação nas redes, buscando sempre a construção coletiva, pensando nossa linguagem e nossas imagens como símbolos que evocam e convocam”, explicou. Estourar ou fazer a bolha crescer? O quarto e último painel de debate do encontro “Redes, Riscos e Ruas – A nova (des)ordem da informação” discutiu o marketing de Influência a partir da criação de uma rede de produtores de esquerda, usando como estudo de caso o projeto Arrastão Digital que a Agência Pulso realizou para o Sindipetro ES. Para falar sobre o tema, foram convidadas a diretora de Conteúdo da Agência NMA, Maristela Vasconcelos, a consultora e pesquisadora de mídia digital e de escuta social, Mariana Antoun, e o estrategista de Mídia da Pulso, Lui Machado. ​ Foto: Sindipetro ES/Pulso Especialista em gestão de imagem e reputação online, Mariana Antoun pautou sua fala em como fazer o ecossistema das redes ser ocupado de forma justa pelos comunicadores e dominar o uso das plataformas de forma estratégica, buscando “hackear os algoritmos”. “É preciso saber se é mais importante fazer a bolha crescer ou estourar a bolha. É legal quando a bolha estoura, mas é muito mais bacana quando a bolha cresce, foi o que aconteceu com o Arrastão Digital dos petroleiros”, destacou. Com vasta experiência em marketing de influência, Maristela Vasconcelos lembrou que para trabalhar com as plataformas digitais tem que saber que não pode ser só emissor da comunicação. “Há bolhas e bolsões onde podemos construir comunidades e alcançar as pessoas, criar sentimentos de pertencimento”, explicou. Influenciadores decodificaram o PPI Lui Machado lembrou que o Arrastão Digital surgiu de uma situação bem difícil para os petroleiros, em um contexto político onde a categoria estava sendo atropelada pelo desmonte do governo Bolsonaro e pelas privatizações da Petrobrás. “Os conteúdos sobre a empresa que eram mais compartilhados nas redes eram todos defendendo a privatização”, lembrou. Ele explicou que o Arrastão surgiu em abril de 2022, quando um dos ativos da Petrobrás no Espírito Santo, o Polo Golfinho, foi vendido pelo valor equivalente a três meses de produção. “Era preciso denunciar esse desmonte de forma que chegasse nas pessoas, pois a população, de uma forma geral, não sabe a importância da Petrobras e, após os ataques que a Lava Jato fez na imagem da empresa, ficou ainda mais difícil defende a necessidade da manutenção do controle do Estado sobre ela”, comentou. “O PPI foi uma forma de fazer chegar esse debate na população”, explicou Lui, referindo-se à campanha contra o preço de paridade de importação, que fez os combustíveis dispararem. 32 milhões de usuários alcançados A campanha trabalhou em parceria com 14 perfis do campo da esquerda com influência e engajamento nas redes sociais e plataformas, como YouTube e TikTok. “Conseguimos colocar o PPI no debate público, fazendo com que esse assunto chegasse com mais facilidade nos nossos, porque a esquerda não sabia como debater isso”, contou. “O resultado foi muito importante e conseguimos vincular o aumento dos combustíveis ao governo Bolsonaro, mesmo quando ele tentava mudar a narrativa, como, por exemplo, culpar os presidentes da Petrobrás”. O Arrastão Digital promovido pelo Sindipetro ES contou com apoio de outros sindicatos petroleiros e chegou a ter 32 milhões de usuários alcançados. “Através dele, conseguimos capacitar nossa militância para discutir o PPI com o taxista, o motorista do Uber, os vizinhos, enfim, foi um debate fundamental, principalmente durante as eleições”, afirmou o estrategista da Pulso. Posts relacionados
Espirito Santo realiza 35º Encontro Estadual de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária Educadoras e educadores das escolas de assentamentos da Reforma Agrária se reúnem para discutir os avanços e desafios da Educação do Campo Notícias 29 de junho de 2023 Encontro ocorre no município de São Mateus. Fotos: Lucas Rodrigues Por Mariana Motta Da Página do MST A luta por educação pública, popular e de qualidade é uma das linhas estratégicas do MST, que chegando aos seus 40 anos de existência, compreende essa “ocupação pedagógica” do chão das escolas públicas nas áreas de assentamentos e acampamentos é um elemento essencial e tão importante quanto a ocupação e enfrentamento aos latifúndios improdutivos. E é com base nesta premissa que o MST no estado do Espírito Santo constrói coletivamente o XXXV Encontro Estadual das Educadoras e Educadores da Reforma Agrária. O Encontro tem como tema “MST – Rumo aos 40 anos: Fortalecendo a nossa pedagogia na arte de lutar”, e se coloca com um importante espaço de reflexão coletiva, que busca manter acesa as chamas da Pedagogia do Movimento, com resistências e fortalecendo a organização do Setor de Educação, rumo aos 40 anos do MST numa perspectiva da educação na Reforma Agrária Popular frente as ofensivas neoliberais. A atividade que ocorre entre os dias 29 de junho e 01 de julho, reúne cerca de 250 educadoras e educadores das escolas de assentamentos da Reforma Agrária no município de São Mateus, no CEFOCAF – CEUNES para realizar o Encontro Estadual. Com caráter formativo, o Encontro conta com momentos de estudos sobre a Pedagogia do MST, os 40 anos de história do Movimento, além de contar também com a socialização de experiências educativas das escolas da Reforma Agrária, estudo com os educadores por área de conhecimento e reflexões sobre o trabalho com o Temas Geradores. Haverá aindaem todos os dias de atividade a exposição de materiais pedagógicos realizados nas escolas. Para o MST, as crianças tem uma tarefa importante na atualidade, e é por isso que a Ciranda Infantil Paulo Freire está presente no XXXV Encontro Estadual das Educadoras e Educadores da Reforma Agrária, com uma programação político e pedagógica especifica para crianças presentes no encontro.
Conselho Tutelar de Parauapebas se manifesta sobre morte de criança que foi retirada da família Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 27/06/2023 | 19:24 Após ser afastado da família em 17 de fevereiro desse ano, o pequeno Kayro Alves dos Santos, de seis anos, morreu na madrugada desta terça-feira (27), no Hospital Regional Público do Sudeste do Pará, em Marabá. A criança, que sofria de uma paralisia cerebral causada por uma convulsão, foi levada de Parauapebas para Marabá na sexta-feira (23) devido à necessidade de entrada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Os pais de Kayro, Raquel Alves de Lima, de 36 anos, e Roberto Nunes dos Santos, de 39 anos, conversaram com a reportagem e deram sua versão dos acontecimentos. De acordo com os pais, no dia 17 de fevereiro uma equipe do Conselho Tutelar se dirigiu à residência da família, que fica no Assentamento Tapete Verde, e declarou que tinha uma ordem judicial, de forma que a criança deveria ser levada pelos conselheiros. Raquel e Roberto afirmaram, ainda, que um dos conselheiros pediu que os pais não resistissem, já que eles estavam acompanhados de policiais. Sem opções, eles entregaram o filho aos cuidados do Conselho Tutelar. No entanto, durante os três meses em que esteve sob os cuidados do Conselho Tutelar, afirma a mãe, Kayro passou mais tempo no hospital que no abrigo. Questionados sobre a natureza da ordem judicial, os pais afirmaram que se tratava de uma denúncia por maus-tratos, que eles prontamente negaram. Kayro foi devolvido aos cuidados dos pais no dia 1º de junho, já com o estado de saúde bastante debilitado. Roberto Nunes afirmou que, nesse dia, recebeu a ligação de um dos conselheiros afirmando que a juíza responsável pelo processo tinha devolvido a guarda da criança, que naquele momento já estava no Hospital Geral de Parauapebas (HGP). Durante quase um mês, o estado de saúde de Kayro piorou, de forma que a criança acabou falecendo à 1 hora desta terça-feira no Hospital Regional de Marabá. Representantes do Conselho Tutelar foram procurados e encaminharam a seguinte nota de esclarecimento: “Os Conselhos Tutelares de Parauapebas, órgãos permanentes e autônomos, não jurisdicionais, encarregados pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos no Art. 131, da Lei Federal 8.069/90, através deste, vêm a público esclarecer os fatos sobre matéria que veicula nas mídias sociais a respeito da atuação deste órgão quanto à inserção da criança Kayro Alves dos Santos (05 anos) na unidade de acolhimento institucional do município. Neste momento, como órgão que zela pelo cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes, sendo o direito à vida o mais valioso, lamentamos profundamente o falecimento da criança Kayro, ocorrido neste dia. Nossas condolências à sua família e amigos, que todos sejam reconfortados nessa circunstância de perda e dor profunda. Primeiramente, cabe-nos esclarecer que o infante Kayro era diagnosticado com paralisia cerebral e realizava tratamento de saúde no Centro Especializado de Reabilitação (CER) desde o ano de 2018. Os profissionais de saúde daquele centro, que acompanhavam o caso, identificaram que os genitores não aderiam ao tratamento indicado, não compareciam às consultas agendadas, não seguiam a nenhuma de suas sugestões quanto às terapias, à manipulação de medicação e alimentos para a criança, não matricularam o filho na escola, a carteira de vacinação dele estava toda atrasada. A genitora havia sido conscientizada sobre a necessidade de a criança ser submetida à cirurgia de gastrostomia, para que lhe fosse possível fornecer dieta e garantir suporte nutricional mais adequado, porém, em certa ocasião, estando o infante internado, ao ser informada pelos médicos que o filho seria submetido à cirurgia, ela evadiu-se com ele do hospital. Sendo assim, essas e outras situações de negligências e maus-tratos vivenciadas pela criança foram debatidas em reunião realizada no dia 16/02/2023, tendo como participantes representantes do CONSELHO TUTELAR, DO CENTRO ESPECIALIZADO DE REABILITAÇÃO, DO CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CREAS), DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA PALMARES SUL (UBS), E DA 5ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DE PARAUAPEBAS (MPPA). Na ocasião, considerando o estado de saúde que a criança se encontrava, sendo avaliada com desnutrição gravíssima, desidratação, dentição estragada, congestão intestinal e, tendo em vista o histórico de negligência da família, decidiu-se, de forma conjunta e unânime, por todos os órgãos ali representados, que a medida de proteção mais adequada naquele momento era o acolhimento emergencial da criança. É importante destacar que o Programa de Acolhimento Institucional é medida EXCEPCONAL e PROVISÓRIA executado pela POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL através de profissionais habilitados e capacitados, do qual o Conselho Tutelar não faz parte. Tal programa é uma MEDIDA DE PROTEÇÃO àquelas crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco extrema acarretada por ação ou omissão dos pais ou responsável legal, e o caso da criança Kayro requereu essa medida. Ademais, a partir do momento em que é realizado o acolhimento institucional de qualquer criança e adolescente, é feito todo um acompanhamento profissional do caso, através de técnicos como psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, onde cada situação é reavaliada periodicamente, sendo de COMPETÊNCIA EXCLUSIVAMENTE DO JUIZ DA INFÂNCIA E JUVENTUDE decidir pela manutenção da criança e adolescente na unidade de acolhimento, por sua reintegração familiar ou colocação em família substituta. Portanto, fica claro que o Conselho Tutelar, no momento oportuno, agiu dentro de suas competências legais, zelando pela proteção e bem-estar da criança. Sendo o que temos a esclarecer no momento, colocamo-nos a disposição para quaisquer outros esclarecimentos”. Nota de Esclarecimento – Kayro Alves dos Santos
Bombeiros libera estrutura do Jeca Tatu 2023 para receber público Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 29/06/2023 | 18:42 Ontem, quarta-feira (28), foi a noite de abertura da edição 2023 do Festival Junino Jeca Tatu, que neste ano é realizado na Praça dos Esportes Radicais (antiga Praça dos Metais), localizada no Bairro Cidade Nova, em Parauapebas. Naquela ocasião, homens do Corpo de Bombeiros de Parauapebas se deslocaram ao local, antes da abertura do evento, e identificaram alguns problemas que precisariam ser resolvidos pela Secretaria Municipal de Cultura (SECULT) e Liga das Agremiações Juninas de Parauapebas e Região (LIAJUPER), responsáveis pela realização do evento. Na oportunidade, por questão de segurança, algumas estruturas de arquibancadas e barracas que foram montadas no evento, acabaram sendo interditadas momentaneamente pelo Corpo de Bombeiros, porém, o evento aconteceu de forma normal e segundo informações da Prefeitura Municipal de Parauapebas (PMP), pelo menos 15 mil pessoas prestigiaram a primeira noite de festa. Já na tarde desta quinta-feira (29), uma nova vistoria foi feita, chefiada pelo Tenente Vitor, Subcomandante do Corpo de Bombeiros de Parauapebas e Cabo R. Ferreira, que minuciosamente acompanharam todas as mudanças feitas no projeto, solicitadas ontem, e após os procedimentos cabíveis, foi identificado que as questões de segurança estavam de acordo como mandam as normas e toda a estrutura de arquibancadas, barracas e palcos foram liberadas para receber o público de maneira segur O Festival Junino Jeca Tatu 2023 segue nesta noite com apresentação de quadrilhas, shows de artistas locais e com uma grande praça de alimentação que comercializa vários tipos de comidas. O evento segue até o próximo domingo, 2 de julho. Qual sua reação para esta matéria? 20
Câmara de Parauapebas se pronuncia sobre acusações contra policial legislativo Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 29/06/2023 | 19:04 Confira abaixo a nota encaminhada ao Portal Pebinha de Açúcar: “Em nome da ética, da transparência e da moralidade, a Câmara Municipal de Parauapebas (CMP) vem a público esclarecer sobre um fato envolvendo um policial legislativo nas primeiras horas desta quarta-feira, dia 28. O servidor, efetivo da CMP, vem sendo acusado levianamente em redes sociais de ter disparado tiros em direção à fachada de uma escola particular de ensino militar, no bairro Cidade Nova. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, com a colaboração do próprio policial legislativo, que se apresentou espontaneamente à PC e entregou sua arma para perícia científica. Também estão contribuindo para a elucidação do ocorrido o Poder Legislativo e a Secretaria Municipal de Segurança Institucional (Semsi), que forneceu à Polícia as imagens registradas durante a madrugada pelo Centro de Controle e Operações (CCO). Informações preliminares do início das investigações apontam que não há relação direta entre as acusações imputadas ao policial legislativo, conforme adiantado pelo diretor-geral da 20ª Seccional de Polícia, Erivaldo Campelo. A Câmara Municipal de Parauapebas acompanha atentamente a investigação do ocorrido para que a verdade dos fatos prevaleça. Ressaltamos: é preciso ter responsabilidade no trato das informações. Divulgar notícias falsas é crime previsto em lei federal e seus propagadores responderão judicialmente por seus atos. Parauapebas, 29 de junho de 2023″.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Lula avalia indicar Guido Mantega para a presidência da Vale S/A; mercado reage Mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeu, vai até maio de 2024 Publicado em 26/06/2023 às 17:50 Descarregamento de minério no Porto de Zhoushan, China O mercado não reagiu bem ao ruído que ganhou eco e cresceu desde a semana passada, que circula a partir de Brasília, que garante a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em indicar o nome do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a presidência da Vale S/A, no lugar do atual presidente, Eduardo Bartolomeu, cujo mandato encerra em maio de 2024. O movimento se dá porque no entendimento do presidente Lula, o governo federal tem que achar uma forma de aumentar o poder na Vale, com parte do PT defendendo que a mineradora atenda aos “interesses estratégicos nacionais”. O mercado reagiu da pior forma possível ao ruído. As fontes ouvidas desconhecem a informação, que poder ser apenas para despistar a curiosidade do repórter, uma vez que a Vale é empresa com atuação vital na economia do estado do Pará. Se a intenção de Lula se confirmar, a influência do governo federal no Conselho de Administração da mega mineradora faz algum sentido, visto que, de acordo com a composição acionária da empresa, até o fim de maio, o maior acionista individual da Vale é a Previ, com 8,69% do capital total, sendo seguida pelo Capital Group, fundo de ações americano, com 7,04%. Os demais acionistas com assento no board da companhia, Cosan, Bradesco, Mitsui, Blackrock — maior empresa de investimentos do mundo —, e os acionistas minoritários, a priori, não querem mexer no quadro executivo. “Sem os votos majoritários do conselho, Lula não terá força para passar a indicação, mesmo o governo sendo o detentor do controle acionário com sua Blue Chip — ação especial detida pela Previ quando do processo de privatização da então estatal, no primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)”, disse a fonte ouvida pelo blog. “É provável, se o governo tiver realmente essa intenção de indicação, utilizar sua influência junto a alguns acionistas, como Previ e Bradespar para indicar Mantega para o Conselho de Administração. Na diretoria, haveria poucas chances de a indicação ser aprovada pelos demais acionistas. Pesa ainda contra esta indicação a falta de conhecimento e experiência para ocupar o cargo”, dizem algumas vozes do mercado. “Mantega nunca foi um executivo e não sabe operar nessa situação”, disse outra fonte. Porém, apesar de ver poucas chances do ex-ministro Guido Mantega se tornar presidente da Vale, a notícia do interesse do governo em influenciar nas decisões da Vale também não é bem recebida. Pesa ainda negativamente sobre as ações da Vale na Bolsa do Brasil (B3) e na de Nova Iorque (Dow Jones) o mau momento do setor de mineração no mundo, que tem levado as ações a caírem 24% no acumulado de 2023. Embora a cotação da tonelada de minério de ferro sofrer uma incomum variação, atingindo mínimas históricas, a Vale é uma empresa bem administrada, por profissionais altamente qualificados e excepcional geradora de caixa, além de uma das melhores pagadores de dividendos e juros sobre capital do mercado. Com tantos ruídos, a ação da Vale é recomendada para compra em 8 de 10 das maiores corretoras do Brasil. Duas a indicam como neutra. Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília. Guido Mantega, Política, Vale
A luta das mulheres pelo direito ao voto no mundo completa 115 anos Na data em que as mulheres comemoram os 115 anos da histórica manifestação de 10 mil mulheres na luta pelo voto feminino em Londres, em 1908, confira na entrevista da militante da Marcha Mundial de Mulheres sobre conquistas e desafios das feministas EntrevistasNotícias 21 de junho de 2023Por Solange Engelmann Da Página do MST Você sabia que o simples ato de uma mulher sair de casa no dia das eleições para votar no Brasil e no mundo só foi possível após um longo processo de luta das mulheres do movimento sufragista? O movimento sufragista foi uma longa campanha de luta direta, nas ruas, organizado pelas mulheres, em diversos países, reivindicando o direito ao voto feminino, entre o fim do século XIX e a primeira metade do século XX. Na Inglaterra o direito ao voto foi conquistado em 1918, mas só para as mulheres com propriedade. Já o direito de todas as mulheres votarem só foi possível em 1928 no país. No Brasil as mulheres só conquistaram o direito de votar em 1932, no governo Getúlio Vargas, após vários anos de lutas feministas. “A luta pelo direito ao voto tinha a ver como uma agenda das mulheres em relação ao mundo, por exemplo, pela questão da educação, do antimilitarismo e pela abolição da escravidão; pelo direito ao trabalho em condições não tão duras como acontecia naquele período”, afirma Miriam Nobre, engenheira agrônoma, integrante da SOF Sempreviva Organização Feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres. No dia em que as mulheres no mundo comemoram os 115 anos da histórica manifestação de 10 mil mulheres na luta pelo voto feminino em Londres, que ocorreu no dia 21 de junho de 1908, confira na entrevista de Miriam algumas conquistas e desafios que ainda permanecem nas lutas feministas da mulheres por direitos e igualdade no mundo e no Brasil. Miriam Nobre, da SOF Sempreviva Organização Feminista e Marcha Mundial das Mulheres. Foto: Arquivo pessoal Página do MST: Este ano a histórica manifestação de 10 mil mulheres pelo voto feminino em Londres, que ocorreu no dia 21 de junho de 1908, completa 115 anos. Na sua opinião, qual a importância dessa manifestação na luta das mulheres no mundo hoje? Miriam: No século XIX, quando as mulheres estão lutando pelo direito ao voto, também estão lutando pelo direito à educação das mulheres e meninas. A luta pelo direito ao voto tinha a ver como uma agenda das mulheres em relação ao mundo, por exemplo, pela questão da educação, do antimilitarismo (1) e pela abolição da escravidão; pelo direito ao trabalho em condições não tão duras como acontecia naquele período, em que as mulheres trabalhavam em condições muito degradantes com assédio e violência permanente. Também para enfrentar a situação do trabalho e ter salário igual ao dos homens. Outra coisa desse período tem a ver com as formas de luta que as mulheres criaram: a organização na forma de coalizões, sindicatos de mulheres e também elas começaram a fazer todo processo organizativo de criar consciência e ganhar outras pessoas pra essa ideia; de arrecadar fundos e de fazer mobilizações públicas. Então, logo depois dessa grande manifestação um setor do movimento sufragista se radicaliza na Inglaterra e Estados Unidos, sobretudo, criando formas de luta de ação direta. No final do século XIX no Brasil, em 1873, tinha um jornal editado por mulheres abolicionistas, republicanas e sufragistas (2), articulando essas três dimensões da luta. Mas, depois a luta no Brasil teve a característica da vertente bem comportada, que tinha relação com o movimento nos EUA. Mas, o interessante é que as mulheres no Brasil, da Federação Brasileira pelo Progresso do Feminino, quando foram negociar no governo Getúlio foi apresentado pra elas a possibilidade do voto qualificação – o voto pras mulheres com propriedade e elas não aceitaram, mantiveram um compromisso de classe. Disseram não: “ou é tudo ou nada!”. E quando a gente conquistou o direito do voto feminino no Brasil já era para todas as mulheres. Você pode comentar sobre algumas conquistas e mudanças em relação aos direitos das mulheres no mundo após essa manifestação histórica? Tem a conquista formal, mas como ela se concretiza na vida das mulheres? Tem uma consigna do movimento feminista: “que a igualdade ou é pra todas ou não é”. Em termos de garantir o direito de voto, exista a possibilidade, mas de fato as mulheres conseguiam votar? A gente vê no processo eleitoral nos EUA até hoje todas as barreiras criadas pras pessoas efetivamente irem votar. Em termos da agenda política das mulheres: a guerra aconteceu, teve a Primeira Guerra, depois a segunda, até hoje a gente vive na situação do militarismo. O acesso das mulheres e meninas à educação foi um direito que a gente viu se expandir no mundo. No Brasil a escolaridade das mulheres já é maior que dos homens, nas faixas etárias mais novas. Porém, no mercado de trabalho isso não repercutiu imediatamente, a gente vê que tem uma sobre escolarização das mulheres em determinadas profissões; às vezes, os homens que estão recebendo a mesma coisa que as mulheres são menos escolarizadas que elas. O setor de educação, pelo menos no ensino fundamental e médio é uma profissão bastante feminizada, mas em que condições as mulheres estão exercendo a profissão? Qual a remuneração? Como a sociedade reconhece a valoriza o trabalho das professoras, das educadoras nas creches? Ainda tem muitos desafios para que a educação, seja de fato uma prioridade. A outra grande questão era a abolição da escravatura, formalmente derrotada, porém, o racismo e esse modo de plantation, extraindo toda energia da natureza e das pessoas, em benefícios de poucos proprietários que extraiam lucro desse tipo de produção, ainda está estruturando a sociedade. Ainda tem toda uma batalha pra que isso, de fato, se concretize. Sufragista e professora Emmeline Pankhurst (1858-1928) sendo presa quando tentava apresentar uma petição ao rei George V, em 1914, no Palácio de Buckingham, em Londres. Foto: Divulgação web Que desafios ainda permanecem na atualidade na luta das mulheres por direitos no Brasil e no mundo, principalmente para as mulheres dos movimentos populares? A agendas das mulheres é tudo, as mulheres acompanham a vida. Tem o fato das mulheres serem responsabilizadas pelo trabalho doméstico, de cuidados que sustenta a vida e tem uma demanda pra que seja reconhecido, redistribuído; não só entre as pessoas que convivem, mas com uma presença grande do Estado de ter políticas públicas que acolham muito desse trabalho e ter um reconhecimento, ser valorizada, ser bem remunerada. Mas, a gente pode ampliar pra, por exemplo, o cuidado das pessoas idosas e outras questões do cuidado. E também quando realizado de forma comunitária, que é muito importante pra experimentar jeitos nossos de como fazer isso, de como cuidar das crianças, fazer comida e lidar com lavanderias coletivas. Pra que esses processos possam ser feitos do jeito que as pessoas que estão na comunidade querem fazer, mas também com apoio financeiro e infraestrutura do estado. Essa questão do cuidado é super importante por ser essencial pra gente existir. Esse cuidado é distribuído desigualmente, as mulheres cuidam mais do que são cuidas. É uma questão de a gente enfrentar isso. Outra coisa é a gente ter a capacidade de fortalecer as comunidades onde a gente vive, poder decidir, se quer ou não ter filho, quando, decidir sobre a nossa vida sexual e reprodutiva sem imposições. Como ainda é difícil, as mulheres são responsabilizadas totalmente sobre isso e, num quadro em que a possibilidade de fazer um aborto seguro é ilegal no país. Mas, as mulheres também estão no movimento de luta por moradia e querem uma casa boa, as mulheres estão no movimento lutando por terra na Reforma Agrária, lutando pelos seus territórios. E que elas possam decidir sobre o jeito como a terra é manejada. As mulheres estão auto-organizadas no movimento feminista e também organizadas em muitos movimentos sociais, com uma agenda ampla e é muito importante garantir que as mulheres possam se expressar, ter voz, participação política ativa pra que essa visão das mulheres, de como a vida acontece, possa organizar a nossa sociedade. Referências: 1. Virginia Woolf: Três Guinéus.Trad. Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2019. 2. Alves, Branca Moreira e Pitanguy, Jacqueline. A luta pelo voto no Brasil. In: Feminismo no Brasil. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2022 Confira: Dez filmes que relembram as lutas políticas das mulheres pelo direito ao voto *Editado por Fernanda Alcântara Posts relac
Aracruz Celulose teria usado prisões arbitrárias para obter terras indígenas na ditadura Empresa teria se aliado à inteligência militar para ocupar propriedades e denunciar trabalhadores/as NotíciasReportagens Especiais 23 de junho de 2023 Empresa teria se aliado à inteligência militar para ocupar propriedades e denunciar trabalhadores. Foto: Divulgação Suzano Por Dyepeson Martins Da Agência Pública Armados, com revólveres à mostra e caminhando como se fossem xerifes. Em Aracruz, no Espírito Santo, essas cenas foram protagonizadas por um grupo de segurança que teria ligação com a Aracruz Celulose — multinacional produtora de celulose e eucalipto. O empreendimento, apurou a Agência Pública com exclusividade, teria se associado a governos locais e órgãos públicos na repressão a povos tradicionais e na compra de terras indígenas e quilombolas durante a ditadura militar no Brasil. Documentos e relatos analisados apontam a exploração e repressão de trabalhadores e prisões arbitrárias. “A Aracruz chegou pra cá poderosa, ela mandava no Brasil, né. Todas as autoridades obedeciam ela porque tudo que eles pediam ela tava ali para ajudar, pra ceder. E ela, se pedir… Se pedir pro governo um batalhão pra vir pra cá, eles arrumavam na hora”, lembrou Efrain*, indígena Tupinikim que narrou ter vivido constantes embates e coações para deixar a terra onde nasceu. A empresa teria usado intermediários para tomar terras ou as comprar por preços irrisórios. Documentos e depoimentos também apontam estratégias para classificar os territórios como áreas devolutas — terras consideradas públicas, que não integraram patrimônio particular e foram devolvidas ao Estado. Com isso, boa parte das propriedades eram negociadas no mercado e adquiridas pela Aracruz. Mais de 30 aldeias teriam desaparecido após a instalação da empresa, no Espírito Santo, em 1967. As entrevistas e dados aos quais a Pública teve acesso fazem parte do projeto “A responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a Ditadura”, que reuniu 55 pesquisadores. O projeto foi conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), através do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf), em parceria com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). A reportagem entrou em contato com a Suzano S/A, empresa a qual a Aracruz foi incorporada, para obter um posicionamento sobre todos os pontos levantados na reportagem. Em nota, a Suzano S.A reforçou que somente em 2019 tornou-se sucessora por incorporação da Aracruz Celulose. A empresa disse reconhecer “a importância e os direitos legalmente constituídos das comunidades tradicionais, e inclusive dispõe de política interna específica para o Relacionamento” com os povos. A Suzano S.A também afirmou ter compromisso com suas obrigações legais com comunidades indígenas e que mantém investimentos sociais com comunidades quilombolas. Além disso, destacou que coopera com o MPF nas investigações sobre práticas adotadas durante a ditadura. Leia a resposta na íntegra aqui. Aracruz teria se aliado a Funai de militares para prender indígenas “E enquanto a gente vivia lá na Fazenda Guarani, […] esse Aracruz Celulose entrou aqui e acabou com tudo. Entrou com trator, derrubou a casinha dos índios; era assim, aquela confusão toda”, narrou uma indígena. O acabou com tudo, que a indígena relata, seria uma estratégia de esvaziamento das terras para facilitar a expansão da empresa. Segundo a Pública apurou, durante o regime, a própria Fundação Nacional do Índio (Funai) teria ajudado nos atos de repressão ao participar da prisão de indígenas levados compulsoriamente à Fazenda Guarani — um centro de detenção usado em substituição ao Reformatório Krenak, em Resplendor (MG). O relatório da Unifesp afirma que, em 1972, pelo menos 30 Guarani e 11 Tupinikim foram levados pela Funai de Aracruz até a prisão. Um relatório sobre a morte de um indígena dá indícios de que, na Fazenda Guarani existia um cemitério improvisado. O documento, datado em 29 de agosto de 1973, descreve que um guarani havia sido sepultado num “cemitério improvisado” na área da fazenda. A Aracruz, aliada a governos locais, teria se aproveitado da dificuldade de moradores, o que incluiam quilombolas e indígenas, em comprovar documentalmente que eram donos das propriedades onde viviam. Com isso, as terras eram consideradas devolutas, passavam a ser requisitadas pelo poder público e posteriormente eram repassadas à empresa. A prática teria ocorrido sobretudo entre as décadas de 1970 e 1980. As aquisições indevidas foram realizadas, segundo a pesquisa da Unifesp, de duas principais formas: indígenas eram expulsos de suas terras e quilombolas tinham terrenos comprados por “laranjas”. Ainda é difícil dimensionar o número de indígenas afetados; no entanto, cerca de 12 mil famílias quilombolas habitavam a região do Espírito Santo chamada de Sapê do Norte — nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra — antes da instalação da empresa e a ocupação dos territórios. Atualmente, a população dessa área soma menos de 2 mil pessoas. Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Aracruz, instalada em 2002 pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, um representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) cita que um major reformado da Polícia Militar e outros agentes teriam coagido e ameaçado os habitantes. “Aqueles que resistiam e não queriam vender as suas terras eram pressionados”, disse o representante. À época, a lei estadual nº 16 de 1967 determinava que, entre os critérios para a legitimação de posse, o proprietário deveria ter morada habitual no local pelo prazo mínimo de três anos. Contudo, aponta a Unifesp, a norma foi desrespeitada durante as transferências. Além disso, a legislação estipulava que terras do Estado só poderiam ser compradas por quem fosse “possuidor de propriedade insuficiente para o sustento próprio e de sua família”. “Eles falavam que nossas terras é uma terra devoluta, né, que não tinha documento. […] e quando a terra é devoluta […] O governo estadual, o federal ou municipal faz o que quer né. Pegou e deu […] Entregou para essas empresas, para a Aracruz Celulose, lá elas se instalaram. Veio com um projeto de montar uma fábrica, trazer progresso pra dentro do município de Aracruz. E começou a instalar a indústria, começou a derrubar a mata”, enfatizou Efraim*. A CPI da Aracruz mostrou também uma lista de 34 funcionários que adquiriram terras sem preencher os requisitos legais e em seguida as transferiram para a empresa. “Teve casos em que no mesmo dia foi passado para a empresa. Teve caso de um funcionário que nasceu em 1947 e no título de propriedade diz que ele já era proprietário da terra em 1945. Ou seja, dois anos antes de nascer”, frisou Joana Ferraz, professora da Universidade Federal Fluminense e integrante da pesquisa da Unifesp. A CPI foi arquivada no ano de 2003. Indígenas teriam trabalhado em regime de “semi-servidão” Indígenas e quilombolas também fizeram parte dos trabalhadores da Aracruz que foram submetidos à exploração e violação de direitos trabalhistas. A mão de obra indígena começou a ser utilizada em 1967 para capina e preparação da terra para as plantações de eucalipto. Quilombolas exerceram atividades semelhantes no início da década de 1970, no Sapê do Norte. Um relatório da Funai de 1975 descreve que um médico do posto de saúde de Aracruz afirmou ter visto indígenas numa situação de “semi-servidão” — termo equivalente à classificação atual de trabalho análogo à escravidão, conforme a pesquisadora Joana Ferraz. “Para ele [médico de Aracruz], o tratamento da época da escravidão e o que os índios recebem hoje tem pouca diferença. Várias vezes ele presta assistência aos que adoecem no trabalho em consequência do tratamento desumano que vêm recebendo”, frisava o relatório. Documentos obtidos pela Unifesp também evidenciam que quilombolas atuavam sem vínculos formais e sem remuneração financeira. Os pagamentos teriam se resumido a resíduos de eucalipto usados para a produção de carvão. Relatório da Funai apontou indígenas em regime de “semi-servidão”. Foto: Reprodução “Vi morrer gente de todo tipo”, diz ex operador da Aracruz Na CPI da Aracruz, instalada em 2002, surgiu a denúncia de que mais de 80 trabalhadores sofreram danos durante as atividades em campo — mutilações e perda de partes do corpo, por exemplo. Num dos depoimentos, Roberto*, que trabalhou como operador de máquinas para a Aracruz entre 1977 e 1994, disse ter presenciado “barbaridades” em relação à maneira como os operários eram tratados. “Vi morrer gente de todo tipo — debaixo de árvore, de trator, com corrente. Morria gente que vivia no desmatamento. Caía galho de árvore em cima. Pessoas que trabalhavam com motosserra foram contaminadas porque usavam benzeno [componente usado em combustíveis para aumentar a potência dos motores] e acabaram contraindo uma doença chamada leucopenia [quando a quantidade de células brancas no sangue está abaixo do normal]”. O ex-funcionário explicou que o benzeno era utilizado em motores de motosserra e que pelo menos 35 pessoas tiveram problemas de saúde causados pelo produto. Afirmou ainda ter sido demitido após fraturar uma das pernas e ter sofrido ameaças de um “capitão” para assinar o pedido de aviso prévio de demissão. “Quebrei a perna. Tenho a perna toda emendada de platina. Quando retornei, a empresa me mandou embora. Fui obrigado a assinar o aviso. O capitão me ameaçou com um cassetete na mão. Fomos ameaçados: eu… Fomos para a rua, perdemos o emprego”, relatou Roberto*, destacando a agressão que um ex-colega sofreu. “Assinou [o aviso prévio] porque o capitão bateu com o cassetete no lombo dele”. Aracruz teria denunciado funcionários grevistas ao DOPS da ditadura Em 1975, a Aracruz criou o bairro “Coqueiral de Aracruz” para receber funcionários especializados na produção de pasta de celulose branqueada. Os relatos obtidos pela Unifesp retratam o monitoramento constante dos trabalhadores: com vigilância 24 horas, controle do transporte e análise prévia dos conteúdos que seriam transmitidos na rede interna de TV – não havia sinal aberto. O monitoramento também era ligado ao Estado. Alguns registros demonstram proximidade entre a empresa e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) — órgão de inteligência do regime militar — no compartilhamento de informações sobre grevistas. Num dos episódios, em 1979, há um relatório do DOPS informando ter recebido ordem para ir ao local onde operários se manifestavam e lá os agentes teriam recebido a ficha funcional dos trabalhadores após o contato com o assessor jurídico, o chefe de segurança pessoal e de pessoal da Aracruz. Ficha de trabalhadores compartilhada entre a Aracruz e o DOPS demonstra proximidade entre a empresa e o órgão de repressão. Foto: Reprodução Numa outra paralisação, em 1986, trabalhadores foram expulsos de dentro de uma das fábricas por militares armados. “Quando nós deflagramos a greve, o Exército já tava dentro da empresa, militares do Exército de metralhadora na mão expulsaram todo mundo pro portão, pro lado de fora do estacionamento, eles fecharam os portões da fábrica. Quem ficou dentro da fábrica ficou vigiado 24 horas”, detalhou uma das fontes. Os registros entregues pela Aracruz ao DOPS continham informações pessoais, como filiação, endereço, números das carteiras de identidade e de trabalho. Também havia observações a respeito de contribuições sindicais e o período de férias. Aracruz cresceu com apoio do BNDES Em 2009, a Aracruz, que chegou a ser maior produtora de celulose do mundo, fundiu-se à Votorantim Celulose e Papel (VCP). A união resultou na criação da Fibria, que nasceu com cerca de 15 mil funcionários. Dez anos depois, em 2019, outra fusão: desta vez, a Fibria se une à Suzano Papel Celulose, levando ao surgimento da Suzano S/A — hoje com 11 unidades industriais espalhadas pelo Brasil e 35 mil funcionários. Desde o início dos trabalhos, a Aracruz teve amplo apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que até 1982 se chamava BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico). O relatório da Unifesp traz evidências de que o banco foi responsável por 55% do investimento total da empresa — entre 1967 e 1975. Na época, a empresa tinha entre os acionistas Antônio Dias Leite Jr e Eliezer Batista. O primeiro fez parte do Grupo de Estudos e Doutrina do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), instituição que esteve entre os financiadores do golpe que destituiu João Goulart da Presidência da República, em março de 1964. O IPES financiou parlamentares e opositores ao então governo em campanhas contra o mito comunista no Brasil. Leite Jr foi Ministro de Minas e Energia no governo militar entre 1969 a 1974. Já Eliezer Batista, pai do empresário Eike Batista, foi presidente da Vale do Rio Doce de 1961 a 1964 e entre 1979 e 1986. Em entrevista ao Museu da Pessoa, em 2003, ele contou que, junto a Leite Jr, eles atuaram na lei 5.106 de 1966, que regulou os incentivos fiscais concedidos a empreendimentos florestais e, consequentemente, facilitou a ampliação do projeto Aracruz. “Ele [Leite Jr] fez uma grande parte do estudo da Lei Florestal, a gente completou aquilo e vendemos a ideia baseado no incentivo fiscal do imposto de renda, né? Ele vendeu isso para o Otávio Medeiros de Bulhões, que era ministro da Fazenda na época. Eu vendi para o Nei Braga, que era o ministro da Agricultura e amigo meu”, comentou Eliezer, falecido em 2018. Durante os financiamentos, a Aracruz, segundo os pesquisadores, teve condições excepcionais de investimentos para a época, a exemplo do abatimento do imposto de renda de qualquer excesso eventual. *Para preservar as identidades, os nomes utilizados na reportagem são fictícios e algumas informações pessoais foram omitidas. ** Errata: A assessoria de imprensa da Suzano S.A havia respondido a reportagem. A resposta completa foi incluída no texto. Esta reportagem pertence ao especial As empresas cúmplices da ditadura militar da Agência Pública que revela 10 empresas que teriam algum grau de participação no aparato de repressão que perseguiu, prendeu, torturou e assassinou opositores durante o regime. A cobertura completa está no site do projeto.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Direito à Educação MST alfabetizou mais de 100 mil adultos com a EJA em todo país Alfabetização é realizada em campanhas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com base no método de alfabetização cubano “Sim, eu Posso” e o Círculo de Cultura de Paulo Freire NotíciasReportagens Especiais 22 de junho de 2023 Jornada de Alfabetização do MST no Maranhão. Foto: Juliana Adriano Da Página do MST Juntamente com a luta pela democratização na terra e pela implantação da Reforma Agrária no Brasil, assim que iniciou as primeiras ocupações terras na década de 1980, o MST percebeu que aliado a essa luta era essencial também lutar pelo direito ao acesso à educação pública e de qualidade no campo, garantido na Constituição Federal de 1988, para a alfabetização das famílias Sem Terra e dos Sem Terrinha, a formação e profissionalização da sua base social para a continuidade da luta e avanços nas lutas da classe trabalhadora brasileira. Nesse contexto, há quase 40 anos o MST tem como prioridade a luta pelo direito à educação pública nos territórios onde vivem os trabalhadores/as Sem Terra do campo. Até o momento o MST já alfabetizou mais de 100 mil adultos pelo Brasil em campanhas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com base no método de alfabetização cubano “Sim, eu Posso”, criado em 1961 e o Círculo de Cultura de Paulo Freire, incorporado a partir de 2016 pelo setor de educação do MST na Jornada de Alfabetização no Maranhão, que se estendeu para áreas urbanas periféricas. Diante do processo de luta pela educação, o MST também conquistou a construção de cerca de 2 mil escolas públicas em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, garantindo o acesso à educação para 200 mil crianças, adolescentes, jovens e adultos; além de possibilitar a formação de 2 mil estudantes em cursos técnicos e superiores e técnicos e criar mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades públicas e institutos federais por todo país. Histórico da Alfabetização Ao longo do processo de luta pela terra e Reforma Agrária os Sem Terra edificaram o método, de forma paralela às ocupações de terra em processos de EJA, a partir da necessidade de alfabetização e acesso à educação pública aos trabalhadores e trabalhadoras do campo. A partir da década de 1990, o MST definiu algumas linhas políticas e iniciou o desenvolvimento de ações pedagógicas contra o analfabetismo nos territórios. O marco histórico na EJA foi o lançamento do Projeto de Alfabetização do MST em 1991, no assentamento da antiga fazenda Annoni, em Sarandi, no Rio Grande do Sul, que contou com a presença do educador Paulo Freire na época. O projeto foi desenvolvido entre 1991 e 1993 em parceria com o Instituto Cultural Francisco de Assis, o Ministério da Educação (MEC), a Cáritas e a Ação de Educação Católica (AEC) e envolveu 100 turmas de alfabetização. A experiência foi a base para construção do projeto político pedagógico do MST na EJA nos acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária. Tiago Manggini, do setor de educação do MST, explica que o Movimento ao longo da sua trajetória de luta organiza diversas campanhas de alfabetização com a intenção de estabelecer unidade nas ações de alfabetização realizadas em vários estados, bem como “lutar por políticas públicas e criar uma mística buscando ampliar o processo de alfabetização e escolarização de jovens e adultos.” Segundo ele, os Sem Terra buscam desencadear um “processo de alfabetização de todos e todas jovens e adultos dos assentamentos e acampamentos coordenados pelo MST, que não tiveram acesso à leitura e à escrita, contribuindo para que essas áreas se tornem territórios livres do analfabetismo“, resumiu Manggini. Para Cristina Vargas, do setor de educação do MST, a experiência histórica do MST demonstra que o jeito de fazer a luta por educação é de forma paralela à luta pela terra, desenvolvendo experiências concretas de alfabetização e reflexão acerca da realidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras do campo. “A luta do MST pela Reforma Agrária acontece ao mesmo tempo em que o Movimento reivindica o acesso ao conhecimento, e ele também se coloca para construir um processo de educação de forma refletida, tendo como base a ação – reflexão – ação. Dessa forma constitui a sua história e suas ações na luta pela Educação do Campo”, pontua Cristina. Porém, por outro lado, ao longo dos anos várias Escolas do Campo foram fechadas em áreas de assentamento e acampamentos do MST, principalmente nos governos de Temer e Bolsonaro. Um estudo e levantamento realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Rural na Amazônia (GEPERUAZ) e o Censo Escolar do INEP, constatou que 104.385 Escolas do Campo foram fechadas nos últimos 21 anos no Brasil. Somente, em 2021, foram 3.424 Escolas do Campo fechadas, o que se traduz na negação do direito à educação pública pelo governo federal para a população do campo. Sem Terrinhas do MST em luta por escola e educação pública no campo. Foto: Acervo MST-CE Portanto, paralelo à luta pela terra, o MST realiza uma Campanha Nacional permanente contra o fechamento e pela construção de novas Escolas do Campo, e denunciando que “Fechar Escola é Crime!”, alertando a população para o crime que é fechar essas escolas nas comunidades rurais Enraizamento da EJA Já nos anos de 1996 e 1997, o MST firma o primeiro convênio de EJA com o MEC, que envolveu 500 turmas de alfabetização e a formação e capacitação de 500 monitores. Parceria fundamental para o enraizamento dos projetos de alfabetização na base Sem Terra do MST em acampamentos e assentamentos. Nesse período também se destacam duas parcerias com governo estaduais; uma com a Secretaria de Educação do Estado do Paraná em 1996, envolvendo 100 turmas de EJA, e um convênio do MST com a Universidade Federal de Sergipe (UFSE), firmado em 1995. Outros acontecimentos importantes em 1997 também merecem atenção na área da alfabetização: a realização do 1° Encontro Nacional dos Educadores e das Educadoras da Reforma Agrária (ENERA), em que ocorre a socialização das experiências de EJA desenvolvidas em diferentes estados do país; E a criação do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), resultado de anos de lutas dos movimentos populares do campo, que por meio da parceria com universidades e movimentos sociais possibilitou a alfabetização e escolarização de jovens e adultos, capacitação de educadores, e realização de cursos de graduação e pós-graduação, voltados aos trabalhadores e trabalhadoras, ligados aos movimentos de luta pela Reforma Agrária no país. Nesse período, também é firmada uma nova parceria entre o MST, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o MEC, que visava a criação de 680 turmas de alfabetização envolvendo dez mil educandos. Segundo Tiago Manggini, nesse sentido o setor de educação do MST percebe a importância da EJA como um instrumento fundamental nas áreas de acampamento e assentamento, para a escolarização no campo e o desenvolvimento político da organização. “Os Sem Terra não enxergam a EJA só como alfabetização, mas passam a percebê-la como um processo de escolarização, vinculado à formação humana em suas várias dimensões. Tal é a expressão da força que vinha ganhando a EJA neste período. A partir daí é cunhado o lema da alfabetização de jovens e adultos nos assentamentos e acampamentos: ‘Sempre é tempo de aprender'”, relata. Campanha de alfabetização do MST busca acabar com analfabetismo nos territórios de Reforma Agrária. Foto: MST BA Em 2007 as ações desenvolvidas pelo MST no campo da EJA convergem para a criação da Campanha Nacional de Alfabetização no MST: “Todos e Todas Sem Terra Estudando”, lançada durante o 5º Congresso Nacional do MST, em Brasília, com o objetivo de combater o analfabetismo nos territórios da Reforma Agrária. A intenção do MST com a campanha é estimular e buscar parcerias para possibilitar que todos e todas as pessoas que vivem nas áreas de acampamentos e assentamentos do Movimento tenham acesso à educação e/ou estejam inseridos de alguma forma em processos educativos. Círculos de Cultura de Freire, Jornada de Alfabetização no Maranhão. Foto: Juliana Adriano Entre 2016 e 2018, inspirado nos ensinamentos de Paulo Freire, o MST readapta a experiência dos Círculos de Cultura do pensador para alfabetização de trabalhadores e trabalhadoras de comunidades rurais e urbanas durante a Jornada de Alfabetização no estado do Maranhão, que alfabetizou 21 mil pessoas, trabalhou com dois métodos similares, que se complementam: o método cubano “Sim, eu Posso” e o método brasileiro, dos Círculos de Cultura de Paulo Freire, os dois ancorados em um projeto de sociedade e compromisso de emancipação. A partir de 2022, por meio do setor de educação, o MST também participa da Jornada de Alfabetização “Sim, Eu Posso!”, que acontece no município de Maricá (RJ), em parceria com a Prefeitura Municipal, com a intenção de zerar o analfabetismo no município. Campanha Internacional na Zâmbia Campanha de alfabetização na Província de Eastern, Zâmbia. Foto: Iris Pacheco Atualmente o MST também desenvolve a Campanha de Alfabetização e Agroecologia Fred M’membe coordenada pelos militantes da Brigada Internacionalista do MST na Zâmbia Samora Machel em parceria com o Partido Socialista (SP) do país. A campanha teve início em maio de 2021 e a meta é alfabetizar 10 mil camponeses e camponesas zambianos/as. Entre março e abril de 2022 ocorreu a formatura de 100 turmas pelo país, alfabetizando aproximadamente 2 mil camponeses e camponesa na primeira fase, nas Província de Eastern, Lusaka e Western, em 22 municípios, sendo a maioria em comunidades rurais. Campanha Bicicletas para Zâmbia arrecadou recursos para compra de 410 bicicletas. Foto: Brigada Samora Machel A Campanha entrou na segunda fase no ano de 2022, se estendendo para outras três províncias do país, Muchinga, Northern e Copperbelt, com a tarefa de alfabetizar 2.100 educandos ao longo de 2023. O lançamento da segunda fase ocorreu juntamente com a finalização da segunda fase da Campanha de Arrecadação de Bicicletas, construída em parceria com o Comitê de Amigos e Amigas do MST na Espanha, com o objetivo de viabilizar o acesso à escola pelos educadores e educadoras. A Campanha Bicicletas para Zâmbia foi realizada de forma simultânea à Campanha de Alfabetização, a partir de dezembro de 2020 e se encerrou com um saldo positivo, com a arrecadação de recursos para a compra de 410 bicicletas. *Editado por Fernanda Alcântara Posts relacionados Jornada de Alfabetização “Sim, Eu Posso!” inicia Ação Oftalmológica para educandos (as) 18 de abril de 2023 Estudantes de Colégio do Campo são campeões de jogos escolares, em Cascavel (PR) 11 de abril de 2023 MST
O balancê #TôComMST anima os festejos juninos em diversas regiões do Brasil Tradição da cultura camponesa, os arraias celebram as colheitas, a religiosidade e os afetos comunitários Notícias 23 de junho de 2023 III Arraiá da Reforma Agrária, no Centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza-CE. Foto: Nayara Ribeiro Da Página do MST Os Arraiás, tão tradicionais no Brasil e na Europa durante os períodos de junho e julho, são um marco para as culturas ligadas à terra, como as camponesas e indígenas. Para celebrar essa festa histórica de resistência da cultura camponesa, a militância do MST já está em clima de folia, nas colheitas, no preparo das comidas típicas, na ornamentação de bandeirolas e balões decorativos nas áreas de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária, saudando a fertilidade, os frutos da terra, suas divindades e homenageando os santos padroeiros dos festejos à tona. “No mês de junho vamos festejar, festejar com muita alegria, através das nossas danças, dos grupos juninos, dos arraiais, comemorando essa colheita, mas também celebrando a cultura popular do nosso povo, especificamente o povo Sem Terra, que vem com toda sua alegria construir vários arraiais, que são marcados por temas políticos e grupos juninos que são organizados pela nossa juventude, que se desafiam a juntar a arte, a política e a comemoração da colheita em uma só festa”, menciona Luz Marin, da coordenação do setor de cultura do MST no Ceará. Origem dos festejos juninos Em cada região de nosso país, as festas juninas apresentam caracteres singulares e multiculturais, com a fartura das colheitas e a garantia de diversão para todas as idades, com muita música, dança, brincadeiras, anedotas e simpatias. Famílias Sem Terra do Acampamento Jean Carlos localizado entre os municípios de Caruaru e Toritama/PE. Foto: Bianka Eduarda Embora tal tradição de origem pagã seja antiga, desde o século XVII na Europa, em celebração da chegada do verão no hemisfério norte, a mesma acabou se consolidando ao longo do tempo, sincretizada com o cristianismo, em comemorações de salvaguarda de santos populares – Santo Antônio, São João e São Pedro – que angariaram fiéis com a c
PARAUAPEBAS: Cidade Jardim, Nova Carajás, Beira Rio e Parque dos Carajás são os bairros com maior índice de queimadas Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 21/06/2023 | 20:19 Com o aumento dos focos de queimadas no município de Parauapebas neste mês de junho, comparado ao mesmo período de 2022, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros alertam a população sobre os cuidados, riscos à saúde e as consequências que elas causam. Conforme o coordenador da Defesa Civil municipal, o índice de queimadas aumentou entre o dia 1º até essa última terça-feira, 20, sendo 23 casos registrados. A Brigada de Emergência, desde o início deste mês, vem monitorando as queimadas com olhar preocupante, por conta das chuvas, que não ocorreram como o previsto para o mês de junho. No ano de 2022, o período chuvoso se prolongou, chegando a 66ml de chuvas. Mas neste ano, o quantitativo caiu para 1,2ml. Erick Nascimento “Isso aumentou o índice de queimadas, principalmente nos bairros em que existem lotes vazios e queimas de lixos domésticos. Além disso, estamos no período do El Niño na região, trazendo a seca com mais força”, relata o coordenador. O subcomandante do 23º Batalhão Militar de Bombeiros de Parauapebas, Tenente Paulo Victor Furtado, explica que os bairros mais afetados e com maior índice de casos registrados são: Cidade Jardim, Nova Carajás, Beira Rio e Parque dos Carajás. Tenente Paulo Victor Furtado “Orientamos que a sociedade não faça queimadas de lixos domésticos, mantenham seus lotes limpos e evitem tocar fogo nesse período em que não ocorrem as chuvas, pois falta de chuva deixa o solo mais seco e propício ao surgimento de focos de incêndio. Em caso de queimadas, denuncie através do CCO no 190 ou no 193 do Corpo de Bombeiros”, explica o Tenente Victor. Além de crime ambiental e os riscos de incêndios graves, os órgãos alertam sobre as doenças respiratórias causadas pelas queimadas, que neste período acabam superlotando as unidades de urgência e emergência do município. Reportagem: Cléo Lopes Qual sua reação para esta matéria? 0000
PARAUAPEBAS: Parque dos Ipês completa um ano e comemora com programação nesse sábado (24) Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 22/06/2023 | 19:55 Um dos principais pontos turísticos de Parauapebas, o Parque do Ipês comemora nesse sábado, 24, um ano de portas abertas para a população. Para celebrar a data, o espaço, que recebe mensalmente mais de 10 mil visitantes, terá programação especial com o tema: Corpo, Expressão e Movimento, e vai contar com plantio de ipês, aulão de zumba, apresentação de capoeira, além de muita recreação que inclui pintura facial para as crianças. Localizado às margens da PA-160 no bairro Tropical, o Parque dos Ipês, foi inaugurado em 24 de junho de 2022, como o primeiro espaço a ter acesso controlado. Seus 28 mil metros quadrados de área total possuem pista de skate, quadras poliesportivas, academia ao ar livre, parquinho para as crianças, acessibilidade, sonorização ambiente, fonte luminosa e diversidade de plantas, espaços que contribuem com a saúde, bem-estar e lazer dos frequentadores do local. “Desde a sua inauguração, o Parque dos Ipês representa para toda a comunidade e, principalmente, aos moradores dos bairros do seu entorno: lazer, educação ambiental, bem-estar e contato com a natureza. Novo modelo de espaço, o lugar tem o objetivo de gerar sentimento de pertencimento e de zelo nos visitantes, para que todos possam usufruir do espaço de maneira igualitária”, explica Maria Zana do Nascimento, supervisora do Setor de Licenciamento e Monitoramento do Prosap De acordo com a supervisora, o parque oferece acolhimento e conforto, tornando-se local ideal para que as pessoas possam se divertirem e relaxarem, com a certeza de estarem seguras para levarem as suas crianças. “O Parque dos Ipês representa cidadania, igualdade social e acesso à qualidade de vida”, enfatiza Maria Zana. Parque dos Ipês Construído em apenas 10 meses, tempo recorde para uma obra como essa, o Parque dos Ipês faz parte da primeira etapa de obras do Projeto de Recuperação e Revitalização do Igarapé Lajeado, executado 100% com recursos do município, pelo Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap). O nome ipê tem origem na língua indígena tupi e significa casca dura. Outro motivo é a grande quantidade de plantas ipês existentes no local, espécies que foram preservadas mesmo com a obr Confira a programação de aniversário 24 de junho (sábado) 18h– Homenagem simbólica com plantio de Ipê Amarelo 19h – Aulão de zumba com a professora Carolina Pantoja 20h– Apresentação de capoeira com o grupo Abadá Capoeira Na área do playground, haverá também muita recreação e pintura facial para as crianças. Reportagem: Nara Moura e Jéssica Borges Qual sua reação para esta matéria? Pebinha no WhatsApp Entrar no Grupo
Alunos da rede pública de Parauapebas participam de atividades ambientais na Floresta de Carajás Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 22/06/2023 | 20:15 A consciência ambiental das crianças é uma das poucas ferramentas capazes de construir um futuro sustentável entre o ser humano e o meio ambiente. A educação pode garantir que as próximas gerações vejam e desfrutem das belezas naturais do nosso planeta”. Assim Eliene Cardoso, coordenadora pedagógica do Centro de Educação Ambiental de Parauapebas (Ceap), define a importância do trabalho desenvolvido pela equipe do centro. Criado em 2005, o Ceap atualmente integra o núcleo pedagógico da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e desde então desenvolve ações de educação e conscientização ambiental na região de Carajás. Em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/NGI Carajás) e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), desenvolve diversos projetos, muitos deles voltados para alunos e professores da rede pública de ensino, como o Projeto de Formação De Professores (PFP), Projeto Escola vai à Flona (PEF), Projeto Jovem Ambientalista (PJA), Projeto Crianças Ambientalistas (PCA), entre outros. Em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado dia 5 de junho, a equipe de formadores do Ceap vem desenvolvendo uma vasta programação durante todo o mês, contemplando também, alguns alunos de escolas da rede estadual de ensino. Durante a semana passada, os alunos do ensino médio da Escola Estadual Cecília Meirelles participaram de trilha pela Savana Metalófila, Mirante da Anta e Mirantes localizados na Mina de Ferro de Carajás, onde foram abordados temas específicos como a importância da gestão correta de resíduos para a preservação do meio ambiente. A programação segue até o dia 30 deste mês. Qual sua reação para esta matéria? 010000
Polícia investiga homicídio de homem a tiros e golpes de facão em Parauapebas Por: Portal Pebinha de Açúcar Publicado em: 26/06/2023 | 14:44 Wellington da Silva Albino foi executado na madrugada de domingo (25), na Avenida Canadá, no Bairro Vila Rica, em Parauapebas. Ele foi morto a golpes de facão e disparos de arma de fogo. Segundo informações, a vítima já estava sendo perseguida pelos criminosos, quando em um determinado momento foi alvejada com disparos de arma de fogo. Ao cair, Wellington ainda foi golpeado várias vezes na região da cabeça. Moradores da localidade afirmaram que escutaram mais de quatros disparos. Segundo a polícia, Wellington já possuía uma extensa ficha criminal, tendo passagens pelo crime de tráfico de drogas e roubos. Ele havia sido preso recentemente após agredir a companheira. O caso segue sendo investigado.

terça-feira, 20 de junho de 2023

Parauapebas: Comdcap divulga local da prova ao cargo de conselheiro tutelar A prova será realizada dia 25 de junho, das 8h às 13h Publicado em 20/06/2023 às 11:50 No último dia 14 de maio, a Comissão Especial Eleitoral do Comdcap – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Parauapebas divulgou, pelo Edital 004/2023, as informações acerca da segunda fase do Processo de Escolha dos Membros dos Conselhos Tutelares, que consiste na realização da prova de natureza mista, com questões objetivas e subjetivas. A prova será realizada dia 25 de junho, das 8h às 13h, no Colégio Conexão, localizado na Rua B, nº 311, Bairro Cidade Nova, em Parauapebas. Os portões serão abertos às 7h e fecharão às 07h45. Conforme o Edital 002/2023-Comdcap, subitem 5.4, no dia da prova o candidato deverá comparecer ao local designado com antecedência mínima de uma hora do horário fixado para o seu início, munido de caneta esferográfica de material transparente de tinta azul ou preta, e de documento de identificação original. Importante destacar que os candidatos habilitados para essa fase deverão acompanhar e observar rigorosamente os editais e os comunicados sobre o processo, publicados no Diário Oficial do Município e, também, no site do Comdcap.
ICMS, Cfem e Fundeb fazem receita de Marabá despencar no 1º Quadrimestre Queda nos repasses de ICMS, Cfem e Fundeb preocupa autoridades e demanda soluções para equilibrar as contas públicas Publicado em 20/06/2023 às 10:04 Karam fez apresentação das metas fiscais da Prefeitura de Marabá em audiência pública na Câmara A Receita do município de Marabá, nos quatro primeiros meses deste ano, fechou com algumas preocupações para a gestão municipal. Os repasses de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria), Cfem (Compensação Financeira por Extração Mineral) e Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação) foram os principais problemas, apresentando déficit em relação ao mesmo período de 2022. O balanço foi apresentado esta semana pela Secretaria Municipal de Planejamento, tendo à frente o titular da pasta, Karam El Hajjar. Em relação ao Fundeb, a queda foi de 8%; o ICMS despencou 25%; e Cfem 38,32% abaixo do arrecadado entre janeiro e abril de 2022. Sobre a queda de receita do ICMS, segundo o secretário, ocorreu em função, também, da mudança na alíquota do combustível, causando impacto à arrecadação estadual e, por consequência, municipal. Em relação ao Fundeb, Karam informou que o governo federal fez repasse a menor em relação a 2022, e alertou que se continuar no mesmo patamar nos próximos meses, o município terá de aplicar mais recursos próprios para pagamento da Folha, podendo ultrapassar a marca de 30% de injeção de dinheiro da Prefeitura. “Digo aos senhores que em relação ao equilíbrio fiscal do município, o prefeito Tião Miranda não abre mão. Tanto que está aí tocando várias obras na cidade”, disse Karam, ao apresentar o relatório em audiência pública na Câmara Municipal na terça-feira, 13. A conclusão do relatório é que o município de Marabá dispõe, atualmente, de um superávit primário, em razão de se gastar menos do que arrecada, apontando assim para um equilíbrio das contas públicas. Outro ponto positivo é que a dívida consolidada do município também diminuiu em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, Karam revelou que houve crescimento de receita em algumas áreas, como a tributária, que aumentou 10% em relação ao mesmo período do ano anterior, assim como o FPM, que subiu 8%. O vereador Ilker Moraes lamentou a queda de receita, principalmente em relação à Cfem, e revelou que foi descoberto problema gravíssimo sobre retirada do ouro junto com o cobre no Projeto Salobo. “Precisamos da ajuda do município para enfrentar a empresa, para não continuar enrolando o município”. Para Ilker, a Buritirama é a maior caloteira que Marabá tem atualmente. “Precisamos ir à Imprensa, começar a desgastar essa empresa. Estão funcionando através de uma liminar judicial. A abertura de uma CPI é um caminho, mas é importante o município acionar a ANM para cobrar uma solução. Precisamos externar isso. A empresa só que enrolar, não paga Cfem há cerca de dois anos”, disse. Vários vereadores apresentaram questionamentos aos representantes do Executivo, principalmente em relação à queda de receita de algumas rubricas nos primeiros quatro meses deste ano. O presidente da Câmara Municipal de Marabá, Alécio Stringari, destaca a importância desse momento de diálogo do executivo com o legislativo e os representantes da sociedade civil no que se refere às contas públicas. “Eu acho que esse relacionamento que a gestão municipal faz, com muita propriedade, a cada quadrimestre vem aqui, faz a prestação de contas, são convidadas entidades que representam a população lá na ponta, assim como os vereadores, é fundamental. O município tem que ter bastante transparência. É com muita responsabilidade que o governo faz a prestação de contas a cada quadrimestre. A gente se dá por satisfeito”, afirma o presidente da Câmara Municipal. CFEM, Economia, FUNDEB, ICMS DEIXE SEU COMENTÁRIO
Sindicato Rural de Marabá recebe alerta do MPPA sobre menores na Expoama Promotora diz que participação de crianças e adolescentes em desfiles de beleza deverá ocorrer somente com autorização do Juízo da Infância e Juventude de Marabá Publicado em 20/06/2023 às 10:25 O Ministério Público do Estado do Pará, por meio da 10ª Promotora de Justiça da Infância e Juventude de Marabá, Jane Cleide Souza, expediu recomendação ao presidente do Sindicato dos Produtores Rurais e organizadores da EXPOAMA (Exposição Agropecuária de Marabá) deste ano, que acontecerá no período de 5 a 9 de julho, para que autorizem somente a entrada de crianças e adolescentes no evento, nos termos prescritos na Portaria do Juízo da Infância e Juventude do município. Além disso, o artigo 258 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê como infração administrativa a falta de observância do responsável ou do estabelecimento do acesso de criança e adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo. Terá uma multa de três a vinte salários de referência, em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Na recomendação, é solicitada a rigorosa fiscalização e que os donos de bares e congêneres sejam orientados para não efetuarem a venda, fornecimento ou entrega de bebidas alcoólicas e cigarros para as crianças e adolescentes, tendo uma pena de detenção de 2 a 4 anos e multa se o crime não constitui crime mais grave. Para efeitos da recomendação, considera-se criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e, adolescente, aquela entre 12 e 18 anos incompletos. A participação das crianças e adolescentes em desfiles de beleza promovidos pela EXPOAMA 2023 deverá ocorrer somente com autorização do Juízo da Infância e Juventude de Marabá. Poderão ser adotadas pelo Ministério Público do Estado todas as medidas cabíveis, para que sejam observadas as medidas necessárias e apropriadas, caso não seja cumprida da recomendação. Aos Conselheiros Tutelares de Marabá foi recomendado que atuem na aplicação de medidas de proteção e adoção de providências acerca de infrações administrativas com amparo do ECA, em caso de descumprimento. RAINHA DA EXPOAMA No próximo sábado, 24, o Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá vai realizar a grande final do concurso de Rainha da Expoama 2023. O evento vai acontecer no Clube da Viola, dentro do Parque de Exposições Francisco Diamantino. Segundo o presidente do Prorural, Ricardo Guimarães, a quantidade de mulheres inscritas (30) é uma amostra da grandiosidade do evento deste ano. Com expectativa pra a maior festa e feira de todos os tempos, ele garante que vai ser difícil escolher a Rainha 2023. “Uma mais bonita que a outra”, disse. A vencedora ganha um prêmio de R$ 5 mil, a segunda colocada R$ 3 mil e a terceira R$ 2 mil. A cavalgada está prevista para acontecer dia 1º de julho. A exposição agropecuária propriamente dita vai começar dia 5 de julho e encerrar no dia 9. Expoama, MPPA, Sindicato Rural DEIXE SEU COMENTÁRIO

domingo, 18 de junho de 2023

Governo do Pará anuncia aumento de 20% no vale-alimentação do funcionalismo Medida alcança 30 mil servidores e passa a valer a partir de julho, mas não virá acompanhada de mais reajustes. Segundo Tesouro Nacional, Pará tem hoje 8ª melhor situação fiscal do país. Publicado em 14/06/2023 às 16:15 Cerca de 30 mil servidores públicos estaduais vão começar a receber, a partir de 1º de julho, o vale-alimentação com reajuste de 20%. É o que anunciou nesta quarta-feira (14) a Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad). Com o reajuste, o valor da verba indenizatória passará de R$ 1 mil para R$ 1.200. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu. A pasta não fez menção a reajuste salarial em si, mas, de acordo com informações extraoficinais levantadas pelo Blog, o governador Helder Barbalho não vai se comprometer em anunciar novos reajustes, por enquanto, a fim de que o estado siga mantendo sua capacidade de honrar compromissos, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Dados inéditos do Tesouro Nacional analisados pelo Blog do Zé Dudu, referentes ao Relatório de Gestão Fiscal (RGF) do primeiro quadrimestre deste ano, revelam que o Estado do Pará tem a 8ª menor despesa com pessoal proporcionalmente ao tamanho da arrecadação líquida. Só Maranhão (32,59%), São Paulo (35,35%), Bahia (36,92%), Mato Grosso (37,19%), Espírito Santo (38,65%), Rondônia (39,43%) e Mato Grosso do Sul (40,02%) apresentaram desempenho melhores. O Poder Executivo do Pará usa apenas 40,57% da receita para pagar servidores, e a situação é tão confortável que se distancia consideravelmente dos limites de alerta (44,1%), prudencial (46,55%) e máximo (49%) preconizados pela LRF. Atualmente, a folha de pagamento dos servidores públicos estaduais no período de 12 meses corridos consome R$ 13,798 bilhões. A Arrecadação líquida apurada para 12 meses, entre maio de 2022 e abril de 2023, totalizou R$ 34,106 bilhões, a décima maior do país.

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Perdemos um grande amigo e intelectual orgânico da esquerda brasileira. Wladimir Pomar Partiu! Wladimir Pomar completaria 87 anos no dia 14 de julho de 2023 Notícias 9 de junho de 2023 Foto: Reprodução Por Valter Pomar Wladimir Pomar completaria 87 anos no dia 14 de julho de 2023. Havia planos de festejar a ocasião, chamando amigos, camaradas e a “grande família”: 4 bisnetos e 3 bisnetas, 7 netos e 4 netas, 3 filhos e sua esposa Rachel. As complicações resultantes de uma displasia impediram isso e o fizeram ter um fim de vida terrivelmente sofrido, totalmente diferente do que ele as vezes disse querer ter e particularmente injusto para com um camarada tão gentil, para citar um termo de Espinosa, não o filósofo, mas aquele militante bem alto, tantas vezes visto ao lado de Lula, especialmente a partir da campanha presidencial de 1989, que Wladimir ajudou a coordenar. Wladimir Ventura Torres Pomar nasceu em Belém do Pará, no ano de 1936, filho de Catarina Torres e Pedro Pomar, militante comunista então perseguido pela ditadura Vargas. Em 1949, aos 13 anos, Wladimir também se tornou militante do Partido Comunista. Nos anos 1950, atuou no movimento estudantil e no movimento sindical metalúrgico. Em 1962, participou do grupo que “reorganizou” o Partido Comunista do Brasil. Preso em 1964, por resistir ao golpe militar, Wladimir viveu na clandestinidade até 1976, sendo novamente preso no chamado Massacre da Lapa, quando perderam a vida Ângelo Arroyo, João Batista Franco Drummond e seu pai, Pedro Pomar. Wladimir saiu da cadeia em 1979, pouco antes da Anistia. Algum tempo depois, ingressou no Partido dos Trabalhadores, integrando a partir de 1984 a sua executiva nacional, como secretário de formação política. Neste período, foi um dos coordenadores do Instituto Cajamar, participou da coordenação da campanha de Lula a deputado federal constituinte e, em 1989, foi coordenador-geral da campanha Lula presidente. Em 1990, Wladimir encerrou seu mandato no Diretório Nacional do PT e, desde então, não voltou a ocupar nenhum cargo na estrutura partidária. Tampouco foi parlamentar, nem fez parte de nenhum governo petista, com exceção de uma meteórica passagem como assessor na prefeitura de Angra dos Reis (RJ). Entretanto, mesmo sem cargos formais, Wladimir continuou colaborando de forma militante com o PT, por exemplo na Fundação Perseu Abramo e em atividades de formação, além de assumir algumas tarefas de inteligência na campanha presidencial de 1994. Exceto pelo curto período em que foi profissionalizado pelo Partido, Wladimir ganhou a vida trabalhando nas mais diversas atividades, como por exemplo a agropecuária, o artesanato, a manutenção de máquinas pesadas e locomotivas, como linotipista, repórter, redator, diretor editorial, tradutor, consultor e professor. Noutras palavras, Wladimir era um “revolucionário profissional”, não um político profissional. Vale dizer, também, que Wladimir não teve formação acadêmica; muitas vezes disse que seu diploma universitário “fora obtido na cadeia”. Brincadeiras à parte, é provável que a ausência de vida acadêmica tenha contribuído para manter grande parte de sua obra numa espécie de semiclandestinidade, isso apesar de ter sido – entre outras coisas – um dos primeiros brasileiros a decifrar corretamente o “enigma chinês”. Entre as obras de Wladimir, uma vertente abordou a dialética marxista (A dialética da história, em quatro volumes). Outra vertente abordou temas da história do Brasil e da esquerda brasileira. É o caso de Araguaia, o partido e a guerrilha e de Pedro Pomar: uma vida em vermelho; Quase lá, Lula e o susto das elites; Um mundo a ganhar; Brasil, crise internacional e projeto de sociedade; O Brasil em 1990 e Era Vargas: a modernização conservadora; Cartas do Passado; é o caso, também, da autobiografia intitulada O nome da vida. A terceira vertente dedicou-se ao debate sobre o socialismo. Wladimir Pomar escreveu diversos estudos e livros sobre a China, entre os quais O enigma chinês: capitalismo ou socialismo; China, o dragão do século XXI; A revolução chinesa (Unesp); China: desfazendo mitos. Escreveu, ainda, uma trilogia sobre a teoria e a prática das tentativas de construção do socialismo, ao longo do século 20: Rasgando a cortina, Miragem do mercado e A ilusão dos inocentes. Wladimir escreveu muito e parte segue inédita, a começar por uma carta escrita em 2005, na qual Wladimir fez alertas e críticas duras contra a conduta de certos dirigentes e filiados. Ateu, marxista, comunista e petista, Wladimir Pomar foi recentemente convidado por seu amigo Beluce Bellucci a escrever uma apresentação à biografia de Apolônio de Carvalho, recém-publicada na França. Entregue em março de 2023, este foi o último texto publicado de Wladimir. Lá está dito o seguinte: “Eu tinha uns 10 anos de idade quando conheci Apolônio, logo depois do final da segunda guerra mundial nos anos 1940. Ele retornara da França e foi recepcionado pela direção e por muitos militantes do então Partido Comunista do Brasil, (PCB), do qual meus pais faziam parte. Na ocasião, mais do que a áurea de herói da guerra de resistência contra as tropas nazistas que ocupavam a França, me impressionou a delicadeza com que tratava a todos, incluindo as crianças que, como eu, haviam sido levadas para conhecê-lo”. “Posteriormente, enquanto o PCB teve vida legal, meu pai e Apolônio trabalharam em sua sede central, perto da Lapa, no Distrito Federal do Rio de Janeiro. E eu me tornei um visitante constante do local, a pretexto de ver meu pai, mas principalmente para ouvir os relatos de Apolônio sobre a guerra e a resistência guerrilheira contra as tropas nazistas. Prática que foi interrompida quando o Partido Comunista do Brasil teve sua vida legal proibida e seus membros tiveram que passar a realizar suas atividades da mesma forma clandestina que utilizaram durante a ditadura Vargas”. “Nessas condições, só retomei os contatos com Apolônio alguns anos depois. Na ocasião, eu já cursava o ginásio e havia ingressado na União da Juventude Comunista – UJC, também clandestina, e já envolta em divergências sobre as políticas que os comunistas deveriam adotar para modificar o sistema político e recuperar a vida democrática. Na ocasião, Apolônio era um dos dirigentes do PCB que davam “assistência” à UJC e, em virtude daquelas divergências, achou necessário conversar comigo a respeito”. “Mantivemos contatos constantes durante cerca de um ano. Embora nossas divergências teóricas e práticas tenham se mostrado variadas e, em alguns casos, profundas, Apolônio jamais tentou se impor como “dirigente superior”. Tratava as divergências como algo natural do trabalho político prático, e interessava-se principalmente pelos resultados das ações práticas adotadas para ampliar a influência política entre a juventude”. “Em vários casos, tivemos concordâncias que só se tornaram evidentes anos depois, quando o PCB se dissolveu em várias correntes políticas, após o golpe militar fascista de 1964. Nas novas condições criadas pela ditadura militar, só voltei a reencontrar Apolônio no final dos anos 1980, quando a ditadura se viu obrigada a realizar uma retirada estratégica e os comunistas puderam voltar à vida “normal”, embora disseminados, então, em vários partidos e organizações políticas. E em que muitos de nós, incluindo ele e eu, adotaram o PT como principal centro de atividade política”. “A partir de então, tive a oportunidade de vê-lo novamente em diferentes ocasiões. Guardo na lembrança sua presença solidária no traslado dos restos mortais de meu pai, assassinado por agentes da ditadura. E sempre me lembro de haver convivido com ele em inúmeras atividades petistas. Isso, embora concordássemos que, àquela alturada vida, nossas idades já não permitiam engajamentos como os vividos no passado. E que deveríamos, principalmente, encontrar caminhos que contribuíssem para que os novos combatentes compreendessem as lições do passado”. “Ainda mantivemos contatos esparsos, ele no Rio de Janeiro e eu em São Paulo. E o que mais me impressionava é que ele continuava mantendo o mesmo espírito de modéstia e de luta, espírito que é destacado na obra do francês Alain Viguier.” As palavras com que Wladimir Pomar resumiu Apolônio de Carvalho sintetizam, também, a atitude do próprio Wladimir e de tantos outros heróis mais ou menos anônimos do povo brasileiro: modéstia e luta. Há mais de quarenta anos, no dia 11 de abril de 1980, por ocasião do translado dos restos mortais de seu pai, Wladimir disse o seguinte: “Há, finalmente, quem diga que Pomar deixou uma herança. É verdade. Ele nos deixou o exemplo de sua vida, um legado de modéstia, de retidão de caráter, de dedicação à classe operária, ao povo e a seu partido, de amor entranhado à verdade, de aversão à vaidade e de constante alerta e combate aos próprios erros. Há quem queira ser dono desse legado. Essa pretensão é uma afronta a meu pai, que sempre se bateu contra o exclusivismo e o espírito de seita. A herança de Pomar, uma herança digna dos melhores revolucionários, não é patrimônio da família ou de qualquer grupo. Ela pertence a todo o seu partido, pertence a todos os revolucionários, à classe operária e ao povo explorado e oprimido. Eu o entrego a vós.” Wladimir Pomar presente, agora e