Lula terá
duas chances de deixar a cadeia nos próximos dias; entenda.
Julgamentos
marcados para as próximas semanas no Supremo e no STJ podem tirar o
ex-presidente do regime fechado. Um deles analisa a possibilidade de início de
cumprimento da pena após segunda instância. O outro, a redução da puni Próximo de completar um ano na
cadeia, em razão de uma condenação há 12 anos e um mês em regime fechado pelos
crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva tenta ir para a prisão domiciliar no começo de abril. Os ministros da 5ª
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vão analisar um recurso apresentado
pela defesa do petista que tem força para provocar redução na pena. Além disso,
no próximo dia 10, o Supremo Tribunal Federal (STF) volta a analisar a
constitucionalidade da prisão a partir de segunda instância. O posicionamento
dos tribunais superiores será fundamental para definir o futuro do
ex-presidente.
Caso o
recurso dele no STJ tenha uma definição antes da sessão do Supremo que pode
revisar o entendimento sobre o momento permitido para o início do cumprimento
da pena, o resultado não surtirá efeito para o caso de Lula, já que o processo
dele terá tramitado em todas as instâncias judiciais. Com isso, o petista não
poderá ser beneficiado por uma eventual declaração de inconstitucionalidade da
chamada antecipação de pena. No entanto, caso os ministros do STJ decidam
anular parte das provas ou depoimentos, como pede a defesa, a chamada
dosimetria da pena do ex-presidente poderá ser reduzida.
Continua
depois da publicidade cão do TRF-4 Com isso, Lula poderá se beneficiar do trecho da legislação
que possibilita a progressão de regime quando o condenado cumpre um sexto da
pena. Existe uma pressão aos ministros do STJ, nos bastidores do Poder
Judiciário, para que a Corte reduza a chancela automática de processos da
Lava-Jato. No Supremo, a avaliação é de que a Corte que julga os casos
relativos à legislação federal, que não envolvem a Constituição, tem aceitado a
decisão sem questionar todas as sentenças que chegam das instâncias inferiores.
O artigo 112
da Lei de Execução Penal assegura que a “pena privativa de liberdade será
executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso,
a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão”.
Lula, condenado a 12 anos e um mês de prisão, completa o tempo mínimo para
mudança de regime de internação em dois anos. Ou seja, só poderia deixar o cárcere
em abril do ano que vem.
Mas caso a
pena seja reduzida, o requisito legal pode ser alcançado de forma imediata. O
jurista João Paulo Martinelli, professor de pós-graduação em direito penal do
IDP de São Paulo, explica que a revisão de pena não é rara. “Existem várias
decisões que reveem as penas. Não se analisa o fato, mas sim a dosimetria da
pena, se o cálculo foi feito de forma correta ou não. No caso do ex-presidente
Lula, por exemplo, é possível analisar se o crime de lavagem não seria um
delito autônomo ou não.”
Além da
condenação referente ao tríplex, Lula responde a outras sete ações penais. Em
uma delas, em que o político é acusado de receber reformas em um sítio na
cidade de Atibaia, em São Paulo, como propina, já recebeu sentença em primeira
instância. No entanto, como o caso ainda está em fase de análise na segunda
instância de Justiça, o tempo de condenação, de 12 anos e 11 meses, não pode
ser adicionado ao tempo de pena. “Se ocorrer condenação pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4), aquele tempo de pena que falta da primeira
condenação soma ao tempo de prisão da segunda. Mas, sem uma segunda condenação
pelo tribunal colegiado, não ocorre nenhum tipo de acréscimo no tempo de
cadeia”, completa Martinelli.
Força
política
Mesmo
condenado e preso há 11 meses, Lula mantém uma legião de seguidores pelo país.
Prova disso é que ele chegou a liderar as pesquisas de intenção de votos
durante a campanha eleitoral do ano passado, pelo tempo em que passou como
pré-candidato à Presidência da República. Por meio de cartas, lidas pela
presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, o ex-presidente mantém declarações
que se opõem ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
Fora da
cadeia, ele poderá ter mais acesso aos canais de expressão e representar um
forte nome de oposição ao governo atual. No entanto, tudo isso dependerá do
peso da rigidez dos ministros que vão analisar o caso do petista no STJ. Caso
tenha a pena reduzida e seja autorizado a cumpri-la em casa, é possível que a
Justiça apresente uma série de regras, como proibição de dar entrevistas a
imprensa, acessar O cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice,
lembra que, mesmo preso, Lula tem dado demonstrações de sua liderança política.
“Mesmo com a prisão, por exemplo, o PT conseguiu ir ao segundo turno das
eleições para o cargo máximo do Executivo. Uma coisa é a força política e outra
é a situação jurídica dele.” No entanto, Noronha destaca que ele tem criticado
o governo atual e que essas declarações feitas fora da reclusão podem não
representar mudança no impacto político dele sobre a sociedade. “Lula não seria
uma oposição mais forte do que é hoje. Ainda que ele seja beneficiado com a
prisão domiciliar, é preciso aguardar as medidas restritivas”, completa.a
internet ou protagonizar discursos públicos.
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