Protesto cobIntegrantes do Comitê de Combate à Megamineração
no Rio Grande do Sul protestaram na tarde desta quinta-feira (4) em frente à
Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam), no
Centro de Porto Alegre. O objetivo foi pressionar o órgão a realizar uma
audiência pública na capital gaúcha para debater o projeto Mina Guaíba, da empresa
Copelmi.
Os manifestantes utilizaram um megafone para repudiar a
implantação da maior mina de extração de carvão a céu aberto do país, entre os
municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas, a 16 quilômetros de Porto Alegre.
Eles também carregavam faixas e cartazes com dizeres como “Carvão não mata a
fome” e “A ganância da Copelmi não pode sobrepor nossos direitos”.
Ao mesmo tempo, dentro do prédio da Fepam, diversas pessoas
protocolavam documentos para exigir audiência pública em Porto Alegre, a fim de
que a empresa explique de forma transparente como atuará, considerando a
proximidade do empreendimento à capital e os recentes crimes ambientais em
Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
População de Porto Alegre exige audiência pública na cidade.
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População de Porto Alegre exige audiência pública
na cidade. Foto: Leandro Molina
O deputado Edegar Pretto entregou pedido em nome da Frente
Parlamentar em Defesa da Alimentação Saudável, da Assembleia Legislativa, da
qual é coordenador. “A população porto-alegrense será diretamente afetada caso
a mina seja instalada. Além da poluição do ar e da água, as famílias assentadas
na região ficariam impossibilitadas de produzir alimentos orgânicos e de
abastecer mais de 40 feiras ecológicas e mercados da capital gaúcha”,
argumentou.
Conforme Eduardo Quadros, engenheiro ambiental e coordenador
do Comitê de Combate à Megamineração no RS, um grupo técnico, de cerca de 40
biólogos, engenheiros, geólogos, sociólogos e advogados, protocolou seus
pareceres, questionando falhas e lacunas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresentados pela Copelmi para
implantação do projeto.
Esses pareceres apontam que as emissões atmosféricas da mina
atingiriam os municípios de Charqueadas, Triunfo, Eldorado do Sul, Guaíba e
Porto Alegre, a partir da poluição do ar e de efeitos adversos à saúde. O
empreendimento traria riscos ao abastecimento de água de Guaíba, Barra do
Ribeiro e Porto Alegre, que têm como manancial o Lago Guaíba. Também impactaria
a fauna e a flora e espécies ameaçadas de extinção, bem como a Área de
Preservação Ambiental (APA) Parque Estadual Delta do Jacuí e a Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica.
Além disso, 80 famílias do loteamento Guaíba City, em
Charqueadas, seriam expulsas de suas casas para a implantação do projeto. Em
Eldorado do Sul, 72 famílias do assentamento Apolônio de Carvalho, que é um dos
maiores produtores de arroz orgânico da América Latina e ajuda a abastecer mais
de 40 feiras ecológicas na região metropolitana de Porto Alegre, também
perderiam os seus territórios conquistados na luta pela Reforma Agrária.
O médico Antônio de Almeida, de Passo Fundo, na região
Norte, entregou documento sobre implicações desse tipo de empreendimento à
saúde humana. De acordo com estudo publicado em revista chilena de pediatria em
2018, a exposição ao carvão durante a gravidez está associada ao nascimento de
crianças com baixo peso e muito baixo peso, menor estatura, menor diâmetro de
circunferência cefálica e prematuridade.
Quadros ressalta que esses pareceres dizem respeito apenas a
alguns impactos, o que justifica a importância da população se mobilizar para
combater o projeto. “Moradoras e moradores de toda região devem buscar se
informar sobre os reais impactos socioambientais e se engajar, pois temos
avançado e temos chance de barrar este processo. Depende de cada uma e cada um
de nós”, destacou.
Como se informar sobre o projeto
O Comitê de Combate à Megamineração, fundado no mês de maio,
reúne mais de 50 entidades ambientais, sindicais, associativas e movimentos
sociais preocupados com os impactos socioambientais de megaprojetos de
mineração previstos para o RS. Em sua página no Facebook
(http://bit.ly/combate-a-megamineração) a população pode obter informações sobre
os impactos da Mina Guaíba à região Metropolitana de Porto Alegre.
ra audiência da Fepam sobre a Mina Guaíba em Porto Alegre
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