Jader apela ao presidente para manter recurso para inovação
e pesquisa
Luiza Mello/De Brasília
Publicado em: 23/06/2019
A comunidade científica e acadêmica da Amazônia acionou o
sinal de alerta para um dos mais preocupantes movimentos contrários ao
desenvolvimento da inteligência inovadora e empreendedora de milhares de
cidadãos que vivem no Norte do Brasil: o Governo Federal ameaça fechar o principal
agente financiador de projetos científico-tecnológicos da região. Reitores das
universidades federais e secretários de Ciência e Tecnologia do Pará, Amazonas,
Amapá, Roraima, Rondônia e Acre foram informados que, como medida de contenção
de gastos, o Governo Federal vai fechar o Escritório Regional Norte da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência,
Tecnologia e Comunicações (MCTIC).
Inaugurado em dezembro do ano passado, o Escritório Regional
Norte da Finep foi instalado no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, em
Belém, e vem cumprindo a missão de estimular a inovação, aproximando empresas e
as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) da Amazônia. Além desse
escritório – único na Amazônia – e da sede no Rio de Janeiro, a Finep mantém
filiais em F Em apenas seis meses de funcionamento, o Escritório já prospectou
cerca de R$ 400 milhões em projetos inovadores de empresas regionais, desde
mineradoras, agronegócio a empresas de TI. Para o financiamento à P&D
(Pesquisa e Desenvolvimento), a Finep tem uma linha própria: o Finep Conecta,
destinado às médias e grandes empresas que tenham interesse em desenvolver
projetos de pesquisa em conjunto com universidades ou outras ICTs – instituições
científicas e tecnológicas.
Para essas instituições, o Escritório Regional em Belém já
destinou R$ 59 milhões do total financiado na Amazônia, previstos para serem
destinados as universidades Federal do Pará – UFPA, Federal Rural da Amazônia –
Ufra, Parque Científico e Tecnológico do Guamá, Embrapa, Instituto de
Desenvolvimento Tecnológico – INDT, Universidade Federal do Amapá – Unifap,
Biotec Amazônia, entre outras. Esse modelo de incentivo a inovação é praticado
em países desenvolvidos como Alemanha e Japão.lorianópolis, Fortaleza, Brasília
e São Paulo. Ao tomar conhecimento da possibilidade do fechamento do Escritório
Regional da Finep em Belém, o senador Jader Barbalho (MDB) protestou. “Países
com grau semelhante de desenvolvimento tem no governo peça-chave para alavancar
projetos científico-tecnológicos. A promoção do conhecimento como política de
Estado é, definitivamente, a senha para um crescimento sustentável, que
representa avanço econômico, com garantia de desenvolvimento social da
população. Aplicado às inovações tecnológicas, esses princípios estão mudando o
mercado mundial. E o Brasil não pode ficar na contramão da história. Portanto,
não há nenhuma justificativa para fechar uma instituição com tamanha
magnitude”.
O senador recebeu um documento assinado pelos reitores das
universidades federais do Pará e pelo secretário de Estado de Ciência,
Tecnologia, e Educação Tecnológica e Profissional do Pará, Carlos Maneschy, que
já foi reitor da UFPA. “A anunciada possibilidade de fechamento do Escritório
Regional Norte da Finep, nesse contexto, representará enorme retrocesso nas
políticas de estímulo ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação
na Amazônia”, ressaltam os acadêmicos.
Imediatamente ao receber o documento, o senador Jader
redigiu ofício que foi encaminhado ao presidente da República, Jair Messias
Bolsonaro, com cópia para o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, Marcos Pontes. No texto, o parlamentar paraense apela ao
presidente Bolsonaro em nome de toda a população da Amazônia, ressaltando a
relevância da Finep, com atuação na formulação e indução da política científica
brasileira a partir de seus financiamentos, como principal elo da rede de
inovação do País. “A Amazônia é a nova fronteira de desenvolvimento do país”,
destaca o senador.
Jader Barbalho acredita que a intervenção do presidente
Bolsonaro possa evitar que a ameaça de fechamento do Escritório da Finep se
concretize, “dados os enormes prejuízos que seriam gerados para a economia e o
desenvolvimento social nos Estados da região”. “O Brasil é um país empreendedor
por natureza, mas que ainda busca juntar esta característica a um ambiente de
negócios com qualidade. O que percebemos é que a Finep chegou à região Norte
para assumir esse papel de estimular e mostrar o caminho a esses empreendedores”,
destacou o senador Jader.
Torre da Amazônia
Nos 52 anos de existência da Finep, período em que o país
priorizou e estimulou a inteligência inovadora de milhares de brasileiros,
cinco grandes projetos científicos e tecnológicos nacionais, financiados pela
Finep, ficaram entre os principais e mais importantes do planeta. e foram destaque
no canal Discovery Chanel.
Entre esses projetos está a Torre da Amazônia (Atto, na
sigla em inglês), um dos mais importantes projetos de pesquisa do mundo sobre
mudanças climáticas. Instalado no meio da Floresta Amazônica, o observatório
tem 325 metros de altura, o equivalente a um prédio de 80 andares, e é a maior
torre de estudos climáticos do mundo.
A expectativa dos pesquisadores é que a torre monitore o
clima na Amazônia por um período de 20 a 30 anos com a coleta de dados sobre os
processos de troca e transporte de gases entre a biosfera e a atmosfera.
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