Governador eleito terá de reinventar a roda para fazer o Pará andar para
frente
Pobreza, desemprego, violência, escassez na oferta
de serviços sociais básicos e, por outro lado, um orçamento bilionário. Desafio
do novo governador será unir o estado em torno de seu projeto administrativo.
Às 18h25, enquanto muitos não tiravam o olho do
placar da marcha da apuração, Helder Barbalho (MDB) já estava matematicamente
eleito, considerando-se os votos válidos a computar e mantida a tendência de
não comparecimento às urnas até aquele horário. Sua eleição põe fim a uma
sequência de gestão do PSDB, que só foi intercalada entre 2007 e 2010, pelo PT,
com Ana Julia Carepa.
Helder chega ao poder tendo seu pai, Jader
Barbalho, senador; sua mãe, Elcione Barbalho, deputada federal; e seu primo,
José Priante, também deputado federal. Terá, assim, apoio fora do Pará,
precisamente em Brasília, tanto na Câmara quanto no Senado. Belenense e com
vasto currículo na política, Helder estará em casa e, literalmente, em família.
Todavia, seus desafios serão igualmente domésticos.
O futuro governador, que só começará a dar canetadas a partir de 1º de janeiro
de 2019, terá R$25,5 bilhões em receitas para gerir e uma miríade de problemas
sociais para transpor. O Pará, que praticamente vive a “década perdida”, sendo
escandalizado em áreas essenciais como educação, saúde, saneamento básico,
segurança pública, atração de negócios e distribuição de renda, precisará de
forças ultra enérgicas para sair da situação de calamidade social que o atual
governador, Simão Jatene, está deixando de lembrança após dois mandatos
consecutivos e, naturalmente, um desgaste administrativo, inclusive na capital,
de onde ele pouco saiu.
O Pará é, hoje, um dos estados que mais produzem
riquezas na nação e seu governo é um dos que mais arrecadam. A economia
paraense está majoritariamente pautada em relações injustas e mal compreendidas
da venda de minério de ferro, que sai das entranhas de Carajás e é precificado
na China por meio de negociatas de uma mineradora multinacional sediada no
Brasil, mas que dá as cartas a partir do Rio de Janeiro.
A autonomia econômica do estado é pequena e
sensível e a relação com empresas que se fazem impor, sobretudo as de
mineração, carece de muita atenção.
Miséria social
O Pará é, hoje, um dos três piores estados em
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), de acordo com o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). É, também, um dos três piores na
qualidade de ensino médio público, segundo o Ministério da Educação (MEC). É,
ainda, um dos cinco que apresentam a mais baixa renda domiciliar média e um dos
dez com menor expectativa de vida média, conforme aponta o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Não obstante, é um dos dez mais violentos da
nação, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). E é, para
variar, um dos dez com maior população em situação de pobreza, considerados os
números do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Quem há de investir num estado que concentra, hoje,
427 mil pessoas desocupadas e com elevada taxa de informalidade? São 782 mil
trabalhadores informais no Pará, além de outras 283 mil pessoas em idade de
trabalhar que, de tanto procurarem emprego sem sucesso, desistiram.
Como fazer para não escorraçar investidores — que
não mirem apenas recursos minerais — diante da montanha de 4,47 milhões de
pessoas que sobrevivem com até meio salário mínimo em terras de onde saem
muitos bilhões de dólares em produtos primários? Terá de administrar para
honrar os cerca de 2,1 milhões de votos que recebeu neste domingo (28).
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