Artigo: A trajetória de um guerreiro
sonhador
Pensador e
escritor Darcy Ribeiro, dono de uma personalidade forte e extremamente
complexa, dotado de uma inteligência vertiginosa de brutal agilidade mental,
foi um dos intérpretes do país mais influentes na política brasileira. 26 de
outubro de 2018 13h26
“A todos aqueles que nutrem pela opressão,
pela falta de memória, a mais profunda repulsa”. (Bertolt Brecht) Toda obra dialoga com seu tempo. No campo da memória antropológica não importa o período retratado, interpretado o tempo é sempre atual. O pensador e escritor Darcy Ribeiro, dono de uma personalidade forte e extremamente complexa, dotado de uma inteligência vertiginosa de brutal agilidade mental, foi um dos intérpretes do país mais influentes na política brasileira. O escritor se mantém aceso com sua obra inquieta, pois não há morte perante a produção poética de sentidos, se fosse vivo Darcy estaria completando 96 anos de vida em defesa das minorias oprimidas, sempre com previsões políticas aguerridas para o Brasil, construídas sobre uma Estada nação tardias em cima de golpes, a começar pelo período colonial, que nos deixou uma herança autoritária, paternalista, escravocrata e personalista.
Nascido em Montes Claros, Minas Gerais, em 26 de outubro de 1922, era filho de Dona Fininha (Josefina Augusta da Silveira), professora primária e Naldo (Reginaldo Ribeiro dos Santos), fiscal das linhas telegráficas. Escreve, ao quatorze anos de idade seu primeiro texto social, crítico, indignado pelo sentimento de revolta e compadecido pela situação de flagelados famintos que ocuparam uma catedral da cidade. Esta imensa capacidade de se colocar na posição dos “outros”, assumir a sociedade e a situação adversa do povo como seu problema desde pequeno, fez o jovem ser mais homem, principalmente quando descobriu o movimento de Luís Carlos Prestes e a poesia de Carlos Drummond de Andrade: “Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”.
Ainda nas terras das Gerais escreve seu primeiro romance, “Lapa Grande”, um dramalhão digno de qualquer estilo de novela mexicana. Em seguida, muda-se para São Paulo e em meio à intelectualidade da pauliceia desvairada ingressa nas fileiras do Partido Comunista. Mas a grande descoberta de sua vida acontece no coração do Rio de Janeiro, quando conhece o Marechal Rondon, uma das figuras marcantes na sua trajetória, principalmente porque convida Darcy Ribeiro para trabalhar com ele no serviço de proteção dos índios, e com esta cultura étnica descobre uma nova maneira de entender o Brasil, e a questão humanística entra em pauta.
Com o espírito de responsabilidade social, atravessa o Pantanal e concentra suas ideias na literatura indígena, desdobrando seu tempo entre as nações Terena e Kadiwéu, com o auxílio luxuoso de sua companheira antropóloga Berta Gleizer. Numa verdadeira troca simbólica surge o livro “Religião e Mitologia Kadiwéu” (1950). Rumo à floresta amazônica encontra a nação “Urubus Kaapor”, últimos remanescentes dos Tupinambás.
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