A amizade
de Nelson Mandela com o homem branco que foi seu carcereiro em prisão do
apartheid
Christo
Brand ajudou Mandela a conhecer a neta ainda no cárcere, quebrando as regras do
presídio de segurança máxima.
Por Lucas Vidigal, G1.
Christo Brand tinha apenas 19 anos quando conseguiu, em
1978, o emprego de carcereiro para evitar o árduo e longo serviço militar
obrigatório na África
do Sul. Alocado para trabalhar na ilha Robben, o rapaz foi avisado de
que a prisão de segurança máxima encravada ali abrigava um "terrorista
perigoso": Nelson
Mandela, condenado em 1963 à prisão perpétua por liderar a luta contra
o apartheid e que se tornaria presidente do país e Nobel da Paz.
De passagem pelo Brasil, Brand contou ao G1 como
um abraço entre avô e neta transformou a relação dura entre presidiário e
guarda em uma amizade que durou até o fim da vida do ex-presidente
sul-africano, morto em 2013.
O abraço
Brand percebeu que as poucas, mas cordiais palavras trocadas
entre ele e Mandela se transformaram em amizade no inverno chuvoso de 1980. O silencioso
abraço que o líder sul-africano deu, ainda dentro do cárcere, na neta Zoleka,
então com 4 meses, marcou o início de uma relação mais próxima entre os dois.
"Ele estava muito emocionado, cheio de lágrimas nos
olhos. O jeito que ele beijava e abraçava a bebê... ali percebi que tínhamos
nos tornado amigos", contou Brand.
O jovem carcereiro arriscou perder o emprego ou, pior, ser
preso ou mesmo morto pelo regime. Isso porque presos políticos na ilha Robben
eram proibidos de receber visitas ou ter qualquer contato com menores de 16
anos. Até os filhos dos guardas que moravam naquela ilha de 5km² a noroeste da
Cidade do Cabo tinham de tomar distância segura para ficar longe dos olhos dos
prisioneiros.
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