Perícia conclui que 'Chacina do Guamá', em Belém, ocorreu em
curto período de tempo; assista reconstituição das cenas do crime.
Resultado da análise técnica foi apresentado nesta
terça-feira, 18. O caso completa um mês nesta quarta, 19. O Centro de Perícias
Científicas Renato Chaves apresentou nesta terça-feira (18) o resultado da
análise técnica feita no bar localizado na passagem Jambu onde ocorreu a
Chacina do Guamá, considerada a maior chacina já registrada em Belém. Onze
pessoas foram assassinadas a tiros e uma pessoa ficou gravemente ferida, mas já
recebeu alta. Nesta quarta-feira (19), o caso completa um mês. As vítimas tinham
entre 21 e 52 anos de idade.
De acordo com o perito Jânio Arnold, a ação foi objetiva,
rápida, planejada e ocorreu em curto espaço de tempo. "Havia muita
presença de sangue, muitas cadeiras, mesas, garrafas quebradas ao chão, além de
elementos balísticos espalhados. Isso nos levou a entender o tamanho da violência
que se deu no local".
O caso foi reconstituído em animação que mostra a sequência
dos fatos. Veja no vídeo acima. Segundo o Centro de Perícias Renato Chaves, a
simulação mostra exatamente a cena encontrada pela equipe de segurança pública
e como as vítimas foram atingidas. Não necessariamente retrata tudo que
aconteceu, já que uma das vítimas tinha sido retirada do local e outra teve a
posição alterada. Por isso, só aparecem dez pessoas baleadas.
Os atiradores aparecem entrando no bar e disparam contra a
primeira vítima que estava sentada em um sofá. Em seguida, atiram na cabeça de
uma mulher sentada no balcão. Outra mulher, escondida atrás do balcão, também é
morta.
As imagens mostram ainda o salão do bar. Quatro atiradores
se espalham e realizam mais disparos contra duas pessoas que estavam sentadas,
três sentada no chão, uma em pé encostada na parede e mais uma que estava em
uma mesa aos fundos. Outras pessoas que estavam no bar fogem correndo pelas
escadas e pulam a janela do imóvel de dois andares.
Veja quem são as vítimas da chacina no bairro do Guamá, em Belém.
A perícia coletou 28 elementos balísticos entre projéteis e
estojos na cena do crime. Somados, 22 tiros atingiram as vítimas. Uma média de
dois tiros para cada, número considerado baixo devido elevado número de mortos
em um só local.
Segundo a perícia, nove das onze pessoas foram mortas com
tiros na cabeça. Seis foram atingidas pela parte de trás da cabeça, indicando
execução.
O laudo da cena do crime é um dos documentos solicitados
pela Polícia no inquérito sobre a chacina e pode ser utilizado tanto pela
defesa quanto pela acusação na fase processual. Dois laudos ainda precisam ser
concluídos: o dos veículos usados no crime e o balístico.
Na segunda-feira (17), o Ministério Público do Pará (MPPA)
ofereceu denúncia à Justiça, que pode ou não ser aceita. Oito homens, entre
elas quatro cabos da Polícia Militar, são acusados de participação no caso e
devem responder por homicídio qualificado e lesão corporal. Três dos policiais
são apontados como executores.
Foram denunciados:
Janílson Costa Serra - dono da padaria onde a ação foi
combinada;
Jonathan Albuquerque Marinho, conhecido como 'Diels' -
acusado de planejar e elaborar a logística;
Pedro Josemar Nogueira da Silva, conhecido como 'cabo
Nogueira' - executor;
José Maria da Silva Noronha, o 'cabo Noronha - executor;
Leonardo Fernandes de Lima, 'cabo Leo' - executor;
Ian Novi Correa Rodrigues, o 'Japa' - acusado de dar
cobertura à ação;
Wellington Almeida Oliveiras, o 'cabo Wellington' - acusado
de chegar antes ao bar para identificar e localizar as vítimas;
Edivaldo dos Santos Santana - motorista que levou e deu fuga
aos executores.
Segundo a denúncia, as "ações foram planejadas"
porque os "denunciados tiveram cuidado para não serem identificados,
retirando e encobrindo as placas dos veículos usados no deslocamento e e os
executores encobriram o rosto". Além disso, "não deram às vítimas
oportunidade de defesa".
Na denúncia do MPPA, não há informações sobre quem seriam os
mandantes da chacina ou ainda a motivação do crime.
Nesta terça, o MPPA informou que sete das 11 vítimas estavam
sob efeito de cocaína no momento do crime.
Segundo a promotoria, há hipótese de que o crime teria
relação com o tráfico de drogas. A Justiça retirou as acusações contra
Aguinaldo Torres Pinto por entender que ele não teve participação. Ele ainda
vai responder pelos crimes de porte ilegal de arma e adulteração de armamento.
A décima segunda vítima, que ficou internada, já recebeu alta. Dois laudos
ainda precisam ser concluídos - o dos veículos usados no crime e o balístico.
A próxima fase é a audiência de instrução, ainda com data a
ser marcada, quando serão ouvidas testemunhas de acusação, de defesa e os
próprios réus. Depois disso, cabe ao juiz responsável decidir se o caso será
levado ao Tribunal do Júri. Se isso ocorrer, a previsão é que o julgamento seja
realizado apenas no primeiro semestre de 2020.
Parentes das vítimas dizem que vivem em constante medo e
esperam que a Justiça seja cumprida. "(Queremos) que eles continuem presos
por segurança nossa, que eles paguem pelo que fizeram. A gente tem muito receio
de (eles) saírem de lá. A gente não sabe o que passa pela cabeça deles, podem
procurar a família e talvez até matar alguém da família. Esse é o nosso medo.
Não só a minha família, como a família dos outros", disse.
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