“Se invadirem minha fazenda, eu meto bala
mesmo”, diz Geraldo Capota.
Motivados
pelo discurso do atual presidente da República de que “sem terra são bandidos”
e que não vai tolerar ocupações de propriedades rurais, um grupo de pecuaristas
de várias partes do Estado está reunido em uma manifestação em Marabá para
mostrar à sociedade que não vão tolerar ocupação de suas fazendas.
O protesto
pacífico está ocorrendo na frente da sede do DNIT (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes), na BR-230, que por sua vez fica localizado em
frente o Fórum da Comarca de Marabá. Desde as primeiras horas da manhã eles
estão com três grandes tendas armadas ao lado da rodovia federal, para onde
levaram dezenas de cadeiras, trio elétrico, churrasco (em abundância) e
diversas faixas espalhadas estrategicamente para que quem for lida por quem
passa nas duas pistas.
O imenso
espaço existente na frente do DNIT mais parece uma concessionária multimarca,
com dezenas de camionetes adesivadas com os motivos do protesto. Com mais de 30
anos de atuação na região, o pecuarista Geraldo Capota, atualmente
vice-presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Curionópolis, é um dos
líderes do movimento e alega que o ex-governador Simão Jatene fez muito mal
para os produtores do campo, sendo omisso na determinação e envio de tropas
estaduais para cumprir as reintegrações de posse determinadas pela Justiça.
Capota diz
que a manifestação que está ocorrendo em Marabá é apenas a primeira de uma
série que eles pretendem realizar e estavam programadas desde que Jatene deixou
o governo do Estado. “Hoje, temos esperança de que o atual governador, Helder
Barbalho, faça prevalecer à lei e freie as ocupações de propriedades rurais”,
disse ele.
Também
indagado se a manifestação ocorre em frente o Fórum para pressionar a Justiça
em função das recentes ocupações de fazendas e ainda em relação à prisão do
pecuarista José Iran Lucena e seu filho Mateus Lucena, Capota negou que essa
seja a intenção e ponderou que “justiça não se pressiona e tem de ser livre”.
Ele
justificou que a escolha pelo local da manifestação se deu em virtude de ser um
espaço de grande visibilidade, contar com uma ampla área de estacionamento e
oferecer fácil acesso aos produtores que chegam dos diversos municípios do
Estado. “A margem desta rodovia é uma vitrine, todos estão vendo nossa
manifestação e devem entender o que está acontecendo”.
Na avaliação
do pecuarista, o clima está começando a melhorar (para eles), observando que as
duas invasões ocorridas este ano já foram desmobilizadas dentro do chamado
esbulho possessórias, em que a DECA (Delegacia de Conflitos Agrários) de Marabá
agiu com celeridade e negociou a retirada dos ocupantes dentro do prazo de 24
horas, sem recorrer à justiça.
Sobre a
prisão de José Iran, Capota avalia que ele agiu corretamente e apenas disse aos
invasores que estavam na porta de sua fazenda que se entrassem lá morreriam.
“Hoje, se entrarem na minha propriedade eu meto bala. Isso está na
Constituição. O direito à propriedade é sagrado”, enfatizou.
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