Velório e sepultamento são realizados com música, alegria e
consumo de bebidas em Curionópolis Um velório no mínimo inusitado foi realizado
na manhã desta terça-feira (20) em Curionópolis, com direito a música, balões e
alegria, apesar da perda do ente querido, Raimundo Nonato Muniz Cunha, mais
conhecido como “Guariba”.
Marlene Marques foi casada com Guariba por 17 anos, tendo
uma filha com ele. Ela conta que em uma ocasião, em Eldorado do Carajás, onde
os três se reuniram, o assunto chegou à morte. “Foi quando perguntei para ele:
‘como você gostaria que fosse o seu velório? ’. Ele disse que queria uma festa,
pois não era uma pessoa triste, e era para beber, tocar as músicas preferidas
dele e ainda fazer um cortejo. Eu fiz, cumpri sua vontade e não importa o que
as pessoas pensem, pois quem arcou com as despesas fomos nós”, conta a viúva,
com firmeza na voz.
E assim foi feito. No cortejo, havia um som que tocava
músicas dos anos 70 e 80, os familiares e amigos seguravam balões brancos
enquanto acompanhavam a trupe, e alguns buquês de flores foram colocados junto
ao caixão. Várias pessoas presentes até dançavam com passinhos de “um pra lá e
um pra cá”.
No vídeo, enquanto o caixão era colocado na sepultura, uma
das pessoas pede para que abaixassem o volume da música, provavelmente pelo
momento de última despedida. Quando a cova foi fechada, outra pessoa pediu uma
salva de palmas para Guariba, momento este que os balões brancos foram soltos e
cobriram o céu, significativamente representando o espírito de Guariba indo
para um lugar melhor.
“Quem conhecia o “Nêgo Guariba” sabe que onde ele estivesse
estava animando as pessoas, era só alegria. Ele podia estar no ‘pó’, mas você
nunca ia ouvir ele dizendo ‘não tenho isso, não tenho aquilo’, fazia era falar
‘eu sou é rico, tenho dinheiro aqui’. Ele era assim. Fiz a festa do velório
dele, e faria de novo, até melhor, se eu pudesse”, enfatiza Marlene.
A filha de Guariba, Lídia Costa Cunha, conta que
recentemente, em um churrasco, antes do falecimento de seu pai, ambos
comentavam sobre as músicas que ele gostava de ouvir, o que ficou muito bem
gravado na memória da jovem, de 21 anos. “A sociedade pensa que estamos
ridicularizando a morte dele, mas foi apenas um pedido. Aonde meu pai chegava
contagiava a todos com sua alegria, então, nos despedimos com alegria e festa”,
justifica a jove Uerberson Matos também é filho de Guariba e, apesar de não
terem muito contato, apoiou a decisão da família de realizar uma festa no
velório de seu pai. “A gente sempre teve aquela amizade, conversávamos quando
se via, e falava ‘se cuida, meu filho’. Sobre a repercussão do funeral, deixa as
pessoas comentarem o que quiserem. Vou até tomar uma dose que sobrou da festa”,
finalizou o rapaz, pegando um pequeno copo de vidro e pedindo à ex-cunhada de
Guariba que o servisse com cachaça.
O apelido de Guariba era como Raimundo realmente gostava de
ser chamado, tanto que até tentou registrar o “nick” como seu nome em um
cartório, porém, não conseguiu. “Ele queria registrar, pois odiava esse nome de
Raimundo Nonato”, relembra Marlene.
COMO FOI O HOMICÍDIO
Guariba foi morto por disparos de arma de fogo em Eldorado
do Carajás, no último domingo (18), por volta das 6h30. Segundo relato da
Polícia Militar, a guarnição foi acionada por conta de um corpo encontrado na
Rua Santa Helena, no Bairro Abaeté, e ao chegar no local informado, constataram
que havia um cadáver, tratando-se de Raimundo Nonato.
Ele apresentava perfurações pelo rosto, causadas por tiros,
e segundo informações de populares, relatadas à guarnição, Guariba teria
passado o dia ingerindo bebida alcoólica em um bar, próximo ao local do crime,
e sua moto, modelo Biz +125, cor cinza, ainda se encontrava no local com os
dois pneus cortados.
Os agentes da PM fizeram a preservação do local até a
chegada da viatura da Polícia Civil e do Centro de Perícias Científicas “Renato
Chaves” (CPCRC) para remoção do corpo. O caso segue sendo investigado, pois até
a tarde desta quarta-feira (21), o Portal Correio não obteve informações se os
criminosos que tiraram a vida de Guariba foram apanhados pelas autoridades policiais.
Reportagem: Zeus Bandeira e Ronaldo Modesto |
Correio de Carajás
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