Rom Gesto é sinal de reaproximação entre partidos de
esquerda mirando a sucessão de Bolsonaro em 2022
Sérgio Roxo
29/10/2020 - 03:30 / Atualizado em 29/10/2020 - 10:55pidos
desde 2018, Lula e Ciro Gomes se reún SÃO PAULO - Rompidos desde a eleição de
2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes
(PDT) selaram as pazes em uma conversa. O gesto pode significar o início de uma
reaproximação entre os partidos de esquerda de olho na disputa presidencial de
2022, apesar de o assunto não ter sido abordado no encontro.
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O armistício foi intermediado pelo governador do Ceará,
Camilo Santana, filiado ao PT, mas aliado dos irmãos Ferreira Gomes em seu
estado. As tratativas para viabilizar a conversa duraram mais de um mês.
A reunião, no começo de setembro, ocorreu na sede do
Instituto Lula, em São Paulo, e durou uma tarde inteira. Ciro falou de suas
mágoas com o PT, enquanto Lula lembrou os ataques do ex-ministro ao partido.
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O tema central da conversa, porém,foi o governo do
presidente Jair Bolsonaro e a situação do país diante da pandemia de
coronavírus. Diagnósticos sobre as razões do resultado eleitoral também foram
apresentados.
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Desde o encontro, Ciro e Lula mudaram o tom ao se referirem
um ao outro e cessaram os ataques e alfinetadas. Os dois tiveram uma relação
próxima, principalmente no primeiro governo do ex-presidente, quando o hoje
pedetista foi ministro da Integração Nacional. O ex-presidente costumava
exaltar a postura leal do ex-subordinado durante a crise do mensalão, em 2005,
o primeiro grande desgaste da era petista.
Com o correr dos anos, mantiveram o contato, apesar de
alguns ataques pontuais. O clima entre eles, porém, se deteriorou ao longo da
eleição de 2018. Lula era o candidato do PT, chegou a ser inscrito na Justiça
Eleitoral, mas foi impedido de concorrer por causa da condenação na Lava-Jato
no caso do tríplex do Guarujá.
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Os petistas chegaram a oferecer a Ciro a possibilidade ser
vice de Lula para depois que ocorresse o indeferimento — desta forma, o
pedetista assumiria a cabeça da chapa. Ciro classificou a oferta, entre outros
termos, de “aberração” e “papelão” e disse que não aceitaria ser um “vice de
araque”.
Na mesma campanha, o ex-presidenciável do PDT também se
irritou com a manobra realizada pelo PT para tirar a candidatura de Marília
Arraes ao governo de Pernambuco, em favor de apoio à reeleição de Paulo Câmara.
Por esse acordo, o PSB desistiu de fechar uma aliança com Ciro na eleição
presidencial. O então candidato chamou a manobra de “providência golpista”.
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contra
Como troco, quando Fernando Haddad passou ao segundo turno
contra Bolsonaro, Ciro, em vez de se engajar na campanha do petista, como era
esperado, viajou para Europa. Desde então, passou a subir o tom em suas
referências ao PT. Em fevereiro de 2019, durante o Congresso da UNE, em
Salvador, o pedetista disse a um apoiador do ex-presidente que o provocava: Alianças
municipais
Repetiu três vezes a frase dita por seu irmão Cid Gomes
durante a o segundo turno da eleição. “Picaretas do lulopetismo bandido” também
foi uma expressão que passou a acompanhar Ciro em entrevistas. Declarou ainda
ter perdido o respeito pelo ex-presidente e o chamou de “enganador
profissional”.
Lula baixava o tom na hora de responder, mas, em maio, disse
que o ex-ministro escolheu procurar o voto de “quem odeia o PT, que vá com
Deus”.
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Em setembro, já depois da conversa, Lula colocou o pedetista
na lista de nomes qualificados para disputar a Presidência. Também chamou as
diferenças entre eles de “pontuais” e disse ter respeito por Ciro. Desde o
encontro, o ex-presidenciável do PDT, por sua vez, não fez mais acusações
pesadas contra o ex-presidente e o PT.
Em entrevista à TV Cultura na segunda-feira, o
ex-marqueteiro do PT João Santana chegou a dizer que uma chapa com Ciro
candidato e Lula na vice seria imbatível. Por causa da suspensão dos direitos
políticos do petista, a hipótese é inviável. Os aliados de Lula também
descartam que ele aceite ser vice.
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Porém, não está descartado que PT e PDT se reaproximem no
plano nacional. Na atual eleição municipal, o PT apoia 173 candidatos a
prefeito do PDT, que por suas vez está em chapas encabeçadas por 134 petistas.
Essas alianças, porém, não se dão em nenhuma capital.
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