Gen Ex Pinto Silva - AMAZÔNIA Ameaçada, ou é só uma Reação
ao Presidente Bolsonaro? Link
TOA - Quem invadirá o Brasil para salvar a Amazônia? Link
TOA - Gen Villas Boas e Alberto Cardoso: país está sob
ataque indireto de nações estrangeiras Link A divulgação internacional de notícias
sobre aumento do desmatamento da Amazônia e a impressão externa de que o
presidente Jair Bolsonaro permite a livre destruição da floresta faz com que
seja apenas uma questão de tempo até que as grande potências mundiais tomem
atitudes para tentar impedir a mudança climática da forma como acharem
necessário, avalia o professor de relações internacionais Stephen M. Walt, da
Universidade de Harvard.
Em um artigo publicado pela prestigiosa revista de
diplomacia Foreign Policy, Walt questiona: "Quem vai invadir o Brasil para
salvar a Amazônia?".
O texto não é uma defesa de uma ação internacional contra o
Brasil, entretanto, mas uma discussão sobre teorias e práticas de relações
internacionais tentando entender como funcionam as pressões externas sobre a
soberania de países que têm influência sobre o futuro do planeta.
"Para deixar claro: não estou recomendando esse curso
de ação agora ou no futuro. Eu estou apenas apontando que o Brasil pode ser um
pouco mais vulnerável à pressão do que alguns outros Estados", diz o
texto.
O argumento de Walt também vai bem além de teorias da
conspiração que circulam há anos sobre interesses econômicos e militares de
outros países sobre o território brasileiro –e que são usados pelo governo de
Bolsonaro para defender a independência da política do Brasil.
A avaliação dele foca especificamente a questão ambiental e
o combate ao aquecimento global, que podem ser vistos como tema central da
política internacional do futuro. A avaliação é sobre como Estados podem agir
para influenciar uns aos outros em nome da proteção do planeta.
O argumento está alinhado com um outro artigo publicado na
imprensa americana recentemente. Um texto publicado pela revista americana The
New Republic diz que por conta da destruição da Amazônia o Brasil pode ser
tratado como uma ameaça à segurança global maior do que o Irã e a China,
tradicionalmente vistos como maior risco da atualidade pelos Estados Unidos.
"Um nível adequado de atenção às mudanças climáticas
como uma preocupação urgente de segurança exigiria que os EUA reordenassem suas
prioridades. Enquanto a China é um dos maiores emissores de gases de efeito
estufa, devemos prestar mais atenção ao que está acontecendo em nosso
hemisfério. Em particular, isso significa abordar o perigo mais imediato que
estamos enfrentando de um estado que oficialmente é parceiro e do presidente
aliado de Trump: o Brasil de Jair Bolsonaro e seu desmatamento acelerado na
Amazônia", avalia.
Desde a eleição de Bolsonaro, a postura dele em relação ao
ambiente é vista como problemática pelo resto do mundo, e têm sido constantes
as declarações externas no sentido de pressionar o Brasil economicamente para
que proteja a floresta.
Com uma avaliação mais detalhada do caso, o artigo de Walt
começa com a descrição de um fictício cenário futuro, em 2025, quando o governo
americano anuncia um ultimato para o Brasil interromper o desmatamento ou
sofrerá ataques militares. Apesar de dizer que é um cenário de fantasia, Walt
discute os direitos, responsabilidades e obrigações de intervenção em outros
países para evitar danos irreversíveis e catastróficos ao ambiente.
O professor explica que a ação internacional muitas vezes
depende da força que cada país tem. Ele indica que China, Estados Unidos,
Índia, Rússia e Japão são os maiores emissores de gases de efeito estufa do
mundo. Esses mesmos países, entretanto, também são potências militares, que se
colocam de forma mais segura diante de pressões externas.
"É isso que torna o caso brasileiro mais interessante.
O Brasil está de posse de um recurso global crítico –por razões puramente
históricas– e sua destruição prejudicaria muitos Estados, se não o planeta
inteiro. Ao contrário de Belize ou Burundi, o que o Brasil faz pode ter um
grande impacto. Mas o Brasil não é uma verdadeira grande potência, e ameaçá-lo
com sanções econômicas ou mesmo com o uso da força, se ele se recusar a
proteger a floresta tropical, pode ser viável", avalia.
O artigo discute como os países têm direito de proteger seus
próprios interesses, mas vê como necessária a discussão sobre repercussões
internacionais das ações de um Estado a fim de buscar negociações pacíficas e
evitar qualquer tipo de conflito.
"Em um mundo de Estados soberanos, cada um fará o que
for necessário para proteger seus interesses. Se as ações de alguns Estados
estão pondo em perigo o futuro de todo o resto, a possibilidade de confrontos
sérios e possivelmente de conflitos vai aumentar. Isso não torna o uso da força
inevitável, mas esforços mais sustentados, enérgicos e imaginativos serão
necessários para evitá-lo."
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