Este é a 14ª
edição do Acampamento Oziel Alves Pereira, realizado pela Juventude
do MST em lembrança aos 23 anos do massacre dos trabalhadores rurais sem terra
ocorrido na então Rodovia PA-150, hoje Rodovia BR-155, no lugar conhecido
como Curva do S há poucos quilômetros da cidade de Eldorado
do Carajás, no sudeste do Pará.
Quem falou
com nossa equipe de reportagens foi Maria Raimunda Cedro, membro da
coordenação estadual, detalhando que desde o dia 10 deste mês, abril, a
juventude, dos estados do Pará, Maranhão e Tocantins,
está no local onde, em um ato pacífico, todos os dias no fim da tarde
interditavam a rodovia pelo prazo de 19 minutos. “O ato simboliza os 19
trabalhadores mortos no confronto com a Polícia Militar; em cuja situação ficaram
muitos outros feridos”, lembra Maria Raimunda, detalhando que
no dia D, 17 de abril, aconteceu a tradicional Missa Campal, seguido do ato
político com pronunciamentos e manifestações culturais alusivas ao dia.
O Massacre
de Eldorado do Carajás foi a morte de dezenove trabalhadores rurais sem terra
que ocorreu em 17 de abril de 1996 no município de Eldorado do Carajás
decorrente da ação da polícia do estado do Pará.
O comando da
operação estava a cargo do coronel Mário Colares Pantoja, que foi afastado, no
mesmo dia, ficando 30 dias em prisão domiciliar, determinada pelo governador do
estado, e depois liberado. Os 19 sem-terra foram mortos pela
Polícia Militar do Estado do Pará, faziam parte do acampamento próximo à Fazenda
Macaxeira, que surgiu em setembro de 1995. No dia 5 de novembro daquele
ano, a fazenda foi ocupada; em 10 de abril de 1996, cerca de 2.500 sem-terra
que estavam acampados na região, junto de outros manifestantes do MST,
totalizando 4.221 pessoas, começaram uma marcha de quase 900 km até a
capital Belém em protesto contra a demora da desapropriação de
terras, principalmente dos 40 mil hectares da Fazenda Macaxeira, que
consideravam ociosos. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local,
porque estariam obstruindo a rodovia então PA-150, que liga a capital do
estado Belém ao sul do estado. Ele perdeu o comando do
Batalhão de Marabá. O então ministro da Agricultura, Andrade Vieira,
encarregado da reforma agrária, pediu Uma das vítimas do massacre foi José
Carlos Agarito Moreira, também presente no ato neste dia 17. Ele relembra
que não foi fácil o que passou para hoje estar em uma terra para cultivar e
criar a família. “Pagamos com sangue o que hoje temos e isso não
podemos esquecer. As vezes perco o sono por lembrar dos que morreram nesta luta
e não viveram para ver, tendo recebido apenas 7 palmos de terra”,
lembra José Carlos. demissão na mesma noite, sendo substituído,
dias depois, pelo senador Arlindo Porto.
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