quarta-feira, 16 de março de 2022
Mesmo com gastança da Prefeitura de Canaã, mortes explodiram 30% em 2021
Valor empenhado na saúde aumentou quase 50% em relação ao último ano de mandato de Jeová Andrade. Gestão Josemira fez “prodígio” de elevar gastos com saúde e aumentar óbitos
Publicado em 15/03/2022
às 14:34
Canaã dos Carajás viveu, em 2021, um curioso fenômeno de falência na saúde pública não percebido em lugar algum do resto do Brasil, que possui 5.570 municípios: a prefeitura local aumentou sobremaneira os gastos com saúde pública, em termos de despesas empenhadas, ainda assim o município viu o número de óbitos disparar 30%.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que cruzou dados do Ministério da Saúde com a prestação de contas oficial do governo municipal — que, não é demais lembrar, publicou com atraso de 40 dias o balanço do 6º bimestre no portal da transparência local, infringindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a Lei Orgânica do Município (LOM).
A administração de Josemira Gadelha empenhou despesas totais de R$ 232,52 milhões na área da saúde ao longo de seu primeiro ano de mandato. É uma tonelada de dinheiro suficiente para sustentar durante quase o ano inteiro o município de Redenção, o principal do sul do estado. Para se ter ideia do volume de recursos empenhados na área da saúde em 2021, é suficiente saber que o ex-prefeito Jeová Andrade, em 2020, empenhou R$ 155,85 milhões, mesmo naquele ano difícil de início de pandemia, quando a então nova enfermidade exigiu dos gestores gastos fora do comum para tentar salvar vidas.
Em síntese, de um ano para outro, a administração de Josemira Gadelha subiu o valor de recursos empenhados em absurdos 49,2%. No tocante ao que fora efetivamente liquidado (cerca de R$ 165,41 milhões) do total de recursos empenhados, houve crescimento de 7% frente ao valor no último ano de governo de Jeová, que liquidou R$ 153,58 milhões.
A gastança foi tamanha que o orçamento inicial para a saúde da Terra Prometida em 2021, de aproximadamente R$ 193,8 milhões, teve de ser oxigenado para “sobreviver”. Detalhe: no corre-corre para liquidar todo o valor empenhado, R$ 67,11 milhões não tiveram tempo de ser pagos no ano passado e foram empurrados para este ano. É por isso que o tamanho dos gastos efetivamente liquidados não se tornou ainda maior.
Mortes dispararam 30%
Mas, então, se o gasto com saúde cresceu vertiginosamente, o número de vidas preservadas aumentou, ou seja, o total das mortes caiu pela metade, né? Não em Canaã. Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde apontam que o total de mortes em Canaã dos Carajás disparou 30%. E olha que os dados são apenas preliminares.
Enquanto em 2020 foram registrados 238 óbitos, em 2021 o total subiu para 308. Desde a emancipação de Canaã em 1994, ainda não se havia registrado crescimento nominal de óbitos dessa magnitude. Mas o município houvera assistido redução no governo de Jeová Andrade, quando, de 2017 para 2018, caiu de 197 mortes para 158.
Ano passado, foram 70 vidas perdidas a mais em meio ao aumento de quase 50% de empenhos para gastar com a saúde pública da população local, que beira os 70 mil habitantes, embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reconheça apenas 40 mil.
O Sistema de Informações Hospitalares do SUS também revela que a morbidade aumentou na rede pública local de saúde. Canaã dos Carajás nunca antes teve tantas pessoas doentes como em 2021, quando 2.789 cidadãos foram internados, de acordo com o Ministério da Saúde, quase 400 a mais que os 2.397 de 2020. Em 2019, foram 2.403 internações.
É possível que a prefeita de Canaã, Josemira Gadelha, mande desmentir as informações, mas elas podem ser checadas no site do Ministério da Saúde (gerando dados sobre morbidade hospitalar e mortalidade) e no portal da transparência da própria prefeitura (analisando-se o balanço de execução orçamentária do 6º bimestre para os anos de 2020 e 2021). Todo o resto que passar disso é tentativa de atear confetes em castelo de areia.
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