Descontentes com Bolsonaro, militares da reserva articulam apoio a terceira via em 2022
Para grupo de oficiais, governo impõe desgaste às Forças ArmadasSÃO PAULO — Um grupo de militares que ajudou a eleger o presidente Jair Bolsonaro em 2018 tem defendido a construção de uma alternativa política para a disputa do Palácio do Planalto no próximo ano. O movimento, encabeçado por oficiais da reserva, ganhou força depois da volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cena com a anulação de suas condenações pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Caso consiga adesões, a articulação pode abrir uma dissidência ao plano do atual presidente de buscar um novo mandato. Na última disputa, os militares representaram um dos pilares do projeto político de Bolsonaro. Antes da presença massiva na gestão, na qual ocupam cerca de seis mil cargos comissionados, integrantes das Forças Armadas já vinham retomando o protagonismo político — quando foi presidente, Michel Temer escalou os generais Sérgio Etchegoyen e Joaquim Silva e Luna para o Gabinete de Segurança Institucional e o Ministério da Defesa, respectivamente.
Nomeado em janeiro de 2019, o general Otávio Rêgo BarroSÃO PAULO — Um grupo de militares que ajudou a eleger o presidente Jair Bolsonaro em 2018 tem defendido a construção de uma alternativa política para a disputa do Palácio do Planalto no próximo ano. O movimento, encabeçado por oficiais da reserva, ganhou força depois da volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cena com a anulação de suas condenações pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Caso consiga adesões, a articulação pode abrir uma dissidência ao plano do atual presidente de buscar um novo mandato. Na última disputa, os militares representaram um dos pilares do projeto político de Bolsonaro. Antes da presença massiva na gestão, na qual ocupam cerca de seis mil cargos comissionados, integrantes das Forças Armadas já vinham retomando o protagonismo político — quando foi presidente, Michel Temer escalou os generais Sérgio Etchegoyen e Joaquim Silva e Luna para o Gabinete de Segurança Institucional e o Ministério da Defesa, respectivamente.
Nomeado em janeiro de 2019, o general Otávio Rêgo Barros era o responsável pela interlocução diária com a imprensa até ser esvaziado por uma mudança de estratégia na comunicação do presidente, que passou a atender pessoalmO GLOBO ouviu sete generais e um coronel, todos da reserva, que defenderam a necessidade de uma terceira via. Seis deles já ocuparam cargos no atual governo. Quatro se manifestaram de forma reservada.— O centro tem uma grande chance agora, porque um grupo se perdeu na corrupção e outro não sabe governar. E para que existe eleição? Para corrigir. Precisamos voltar à normalidade e ao equilíbrio — diz o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo.ente os jornalistas no Palácio da Alvorada. Insatisfeito após a extinção de seu cargo em outubro de 2020, Rêgo Barros escreveu um artigo de jornal com críticas cifradas ao presidente. Afirmou que o poder “inebria, corrompe e destrói”. Foto: Daniel Marenco / Agência O GloboIntegrante da equipe responsável pela transição que desenhou as bases do governo Bolsonaro, em 2018, o general Guilherme Theophilo assumiu a Secretaria Nacional de Segurança Pública pelas mãos do então ministro da Justiça Sergio Moro. A passagem por Brasília chegou ao fim em maio de 2020, após Moro pedir demissão e acusar Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. Foto: Divulgação / TRENomeado para presidir os Correios em novembro de 2018, ainda na gestão de Michel Temer (MDB), o general Juarez Cunha foi demitido por Bolsonaro sete meses depois, em meio a uma celeuma pública. O presidente disse à imprensa que substituiria Cunha porque ele teria se comportado como “sindicalista” ao afirmar ser contra a privatização dos Correios, almejada pela equipe econômica do governo e até hoje sem sair do papel. A irritação cresceu após o militar posar para fotos ao lado de políticos de esquerda. Foto: José Cruz / Agência BrasilEscolhido pela ministra Damares, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Funai em junho de 2019, cinco meses após chegar ao cargo. Em seu discurso de despedida, afirmou que a instituição estava sob ataques constantes e disse que Bolsonaro era mal assessorado em questões indígenas. O também general Maynard Santa Rosa, que ocupou a Secretaria de Assuntos Estratégicos até novembro de 2019, concorda com o colega:
— O retorno do PT seria um retrocesso inaceitável. Por sua vez, o atual governo não conseguiu honrar o próprio discurso e cumprir o que todo mundo esperava.
Na semana passada, o general da reserva Paulo Chagas, que disputou o governo do Distrito Federal em 2018 com o apoio de Bolsonaro, distribuiu um texto pelas redes sociais com o título “Renovar é preciso”. Na mensagem, diz que o “Brasil está sem rumo e que “é hora de construir uma terceira via”.
Chagas contou que resolveu escrever o texto depois de uma discussão com outros quatro oficiais de alta patente do Exército. A mensagem circulou entre militares no WhatsApp.
O também general Maynard Santa Rosa, que ocupou a Secretaria de Assuntos Estratégicos até novembro de 2019, concorda com o colega:
— O retorno do PT seria um retrocesso inaceitável. Por sua vez, o atual governo não conseguiu honrar o próprio discurso e cumprir o que todo mundo esperava.
Na semana passada, o general da reserva Paulo Chagas, que disputou o governo do Distrito Federal em 2018 com o apoio de Bolsonaro, distribuiu um texto pelas redes sociais com o título “Renovar é preciso”. Na mensagem, diz que o “Brasil está sem rumo e que “é hora de construir uma terceira via”.
Chagas contou que resolveu escrever o texto depois de uma discussão com outros quatro oficiais de alta patente do Exército. A mensagem circulou entre militares no WhatsApp.
s era o responsável pela interlocução diária com a imprensa até ser esvaziado por uma mudança de estratégia na comunicação do presidente, que passou a atender pessoalmente os jornalistas no Palácio da Alvorada. Insatisfeito após a extinção de seu cargo em outubro de 2020, Rêgo Barros escreveu um artigo de jornal com críticas cifradas ao presidente. Afirmou que o poder “inebria, corrompe e destrói”. Foto: Daniel Marenco / Agência O GloboIntegrante da equipe responsável pela transição que desenhou as bases do governo Bolsonaro, em 2018, o general Guilherme Theophilo assumiu a Secretaria Nacional de Segurança Pública pelas mãos do então ministro da Justiça Sergio Moro. A passagem por Brasília chegou ao fim em maio de 2020, após Moro pedir demissão e acusar Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. Foto: Divulgação / TRENomeado para presidir os Correios em novembro de 2018, ainda na gestão de Michel Temer (MDB), o general Juarez Cunha foi demitido por Bolsonaro sete meses depois, em meio a uma celeuma pública. O presidente disse à imprensa que substituiria Cunha porque ele teria se comportado como “sindicalista” ao afirmar ser contra a privatização dos Correios, almejada pela equipe econômica do governo e até hoje sem sair do papel. A irritação cresceu após o militar posar para fotos ao lado de políticos de esquerda. Foto: José Cruz / Agência BrasilEscolhido pela ministra Damares, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Funai em junho de 2019, cinco meses após chegar ao cargo. Em seu discurso de despedida, afirmou que a instituição estava sob ataques constantes e disse que Bolsonaro era mal assessorado em questões indígenas. Foto: Divulgação
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