Delação indica que esquema de arrecadação ilegal foi usado
por Crivella para conseguir apoio de Romário em 2016
Delator afirma que pedido de “ajuda” do prefeito ocorreu em
reunião na Igreja Universal
Marco Grillo
12/09/2020 - 14:53 / AtualiRIO - A delação premiada de um
empresário do setor de iluminação pública indica que um esquema de arrecadação
ilegal de recursos para a campanha do prefeito Marcelo Crivella, em 2016, foi
usado para convencer o senador Romário (Pode-RJ) a apoiá-lo ainda no primeiro
turno da eleição. O depoimento faz parte da investigação do Ministério Público
do Rio (MP-RJ) que apura a existência de um esquema de corrupção na Prefeitura
do Rio.
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esquema de corrupção na prefeitura, diz a Justiça
Paulo Roberto de Souza Cruz, então sócio da Compillar
Entretenimento Prestadora de Serviço, disse que foi procurado em 2016 por um
outro empresário do setor. O objetivo seria marcar um encontro com o tesoureiro
da campanha de Crivella, Mauro Macedo, que estaria arrecadando R$ 1,5 milhão
com empresas interessadas em futuros contratos na RioLuz. A doação empresarial
em campanhas já estava proibida em 2016.
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impediu até rebaixamento de escolas
O colaborador reconhece que manifestou interesse em fazer
parte do esquema, o que gerou uma segunda reunião, esta com Crivella. O
encontro, segundo o depoimento, ocorreu no estacionamento da Igreja Universal
de Alcântara, em São Gonçalo – depois de Macedo, Crivella e o empresário
assistirem ao culto.
Na delação, Cruz disse que, ao apresentá-lo a Crivella,
Macedo disse ao prefeito que o empresário era um dos que estavam “ajudando a
gente com a RioLuz”. Em seguida, ainda de acordo com o depoimento, Crivella
teria agradecido. “Meu querido, obrigado pela sua ajuda, porque estamos
precisando da ajuda de vocês para resolver o apoio do Romário”.
Não há citação no depoimento sobre a data exata em que os
encontros teriam ocorrido. O apoio de Romário a Crivella na eleição de 2016 foi
tornado público no dia 21 de setembro. O apoio do senador chegou a ser
disputado também pelo MDB, que lançou a candidatura do A colaboração premiada
de Cruz foi homologada em 2018, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Luís Roberto Barroso – como a revista Época revelou no ano passado, os
depoimentos citam também a possível participação de deputados federais.
“Dos documentos juntados ao presente pedido é possível
constatar que há elementos indicativos de possível envolvimento de autoridades
detentoras de prerrogativa de foro perante esta Corte, a exemplo dos deputados
federais Dejorge Patrício, Marcelo Delaroli, Rosângela Gomes e Walney Rocha, o
que atrai a competência do Supremo Tribunal Federal para homologação do
acordo”, escreveu Barroso em despachodeputado federal Pedro Paulo A reportagem
está tentando ouvir as versões do prefeito Marcelo Crivella e de Romário sobre
o caso.na ocasião. O PSB, partido de Romário na época, apoiava formalmente a
candidatura de Indio da Costa (PSD). Romário não é investigado no procedimento
do Ministério Público do Rio.
PUBLICIDADEzado em 12/09/2020 - 17:51
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