Globo repudia em nota ataques de Bolsonaro a Miriam Leitão
A jornalistas estrangeiros, Bolsonaro afirmou que a
jornalista foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia e que ela
mentiu sobre ter sido torturada durante a ditadura. Miriam foi presa, torturada
e não participou da luta armada.
Por Jornal Nacional
19/07/2019 21h32
Atualizado há uma hora
Agora uma nota de repúdio da Globo aos ataques que o
presidente Jair Bolsonaro dirigiu à nossa colega, a jornalista Miriam Leitão.
“O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta sexta-feira (19)
um grupo de jornalistas estrangeiros para um café da manhã. Os jornalistas
cobraram do presidente um comentário sobre o ato de intolerância de que foi
vítima a jornalista Miriam Leitão, no fim de semana.
Miriam e o marido, Sérgio Abranches, participariam de uma
feira literária em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Em redes sociais, foi
organizado um movimento de ataques e insultos à jornalista, cuja postura de
absoluta independência foi tratada como um posicionamento político de esquerda
e de oposição ao governo Bolsonaro.
Em resposta aos correspondentes internacionais, o presidente
Jair Bolsonaro disse que sempre foi a favor da liberdade de imprensa e que
críticas devem ser aceitas numa democracia.
Mas, depois, afirmou que Miriam Leitão foi presa quando
estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no
Brasil e repetiu duas vezes que Miriam mentiu sobre ter sido torturada e vítima
de abuso em instalações militares durante a ditadura militar que governava o
país então.
Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e
merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica e da honra da
jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a
jornalista quem mente.
Miriam Leitão nunca participou ou quis participar da luta
armada. À época militante do PCdoB, Miriam atuou em atividades de propaganda.
Ela foi presa e torturada, grávida, aos 19 anos, quando
estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. No auge da ditadura de
64, em 1973, Miriam denunciou a tortura perante a 1ª Auditoria da Aeronáutica,
no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época.
Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor e esse
relato consta dos autos para quem quiser pesquisar.
A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações
formuladas contra ela pela ditadura. A absolvição se deu em todas as
instâncias.
É importante ressaltar que Miriam Leitão, ao longo dos
governos do Partido dos Trabalhadores, foi também alvo constante de ataques.
Não questionaram, como agora, o sofrimento por que passou na ditadura, mas a
ofenderam em sua honra pessoal e profissional em discursos do ex-presidente
Lula em palanques, e até mesmo a bordo de avião de carreira, quando Miriam
Leitão ouviu insultos e ofensas por parte de militantes petistas, que então a
chamavam de neoliberal e direitista.
Esses insultos, no passado como agora, em sinais trocados,
apenas demonstram a maior das virtudes de Miriam como profissional: a
independência em relação a governos, sejam de esquerda ou de direita ou de
qualquer tipo.
A Globo aplaude essa independência, pedra de toque do
jornalismo profissional, e se solidariza com Miriam Leitão”.
Uma solidariedade compartilhada por nós, seus colegas da TV
Globo, da rádio CBN e do jornal “O Globo”.
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