segunda-feira, 18 de abril de 2022

Minas da Vale em Parauapebas têm só mais 16 anos, revela mineradora Anúncio ainda é visto com ceticismo, porém multinacional tem investido pesado em tecnologia para aumentar eficiência de operações na Serra Norte de Carajás, que pode acelerar exaustão. Publicado em 18/04/2022 às 11:20 Share on facebook Share on twitter Share on whatsapp Share on print Mina no Pará: Qualidade do minério de ferro de Carajás é a melhor do mundo “A vida útil atual do plano de lavra vai de 2022 a 2038.” É com essa frase que a mineradora multinacional Vale sintetiza suas operações de minério de ferro na Serra Norte, a porção de Carajás que fica localizada dentro do município de Parauapebas. E não, não é invenção do Blog do Zé Dudu: as informações constam textualmente do mais novo Formulário 20-F, o principal balanço da empresa e o qual, aliás, ela precisa entregar à Bolsa de Valores de Nova Iorque, onde tem ações, a título de prestação de contas. Os Estados Unidos veem o 20-F primeiro que o maior interessado, Parauapebas, no Brasil. O Blog do Zé Dudu analisou todas as 227 páginas do relatório publicado no último dia 14 de abril, que resume o desempenho da Vale em 2021 e, ao mesmo tempo, lança luz sobre os passos futuros da mineradora. A informação de que o minério das principais reservas de Serra Norte (N1, N2, N3, N4 e N5) se esgota em menos de 20 anos não é novidade, mas ainda encontra céticos ao assunto, inclusive gestores municipais. É verdade que a data exata de exaustão do minério em Parauapebas pode ser depois de 2038, o que depende de a Vale pisar no freio e diminuir o ritmo de lavra. Mas é verdade também que, caso ela aumente o passo da extração em relação ao retirado em 2021, o fim do minério pode ser antecipado. Inclusive, algumas das minas do atual plano de lavra vão dar adeus ao parauapebense bem antes de 2038. Cada um dos “N” tem vida própria. Como revelado em diversas outras ocasiões pelo Blog, o prognóstico de exaustão das minas de Parauapebas considera novas áreas de mineração nos corpos N1, N2 e N3. Segundo a Vale, “as minas de Serra Norte estão em operação desde 1984 e estão sendo expandidas lateralmente e em profundidade, com a lavra simultânea de mais corpos minerais”. A empresa diz que foram implantados nas cavas britadores para processamento do minério bruto, com correias transportadoras para reduzir a distância de transporte, e revela que possui planos para instalação de novos britadores com o mesmo objetivo. “Em 2021, começamos a operar caminhões autônomos. A implantação de caminhões híbridos elétricos está prevista para operar em 2023. Além disso, há projetos em estudo para implantação de britadores semimóveis com correias transportadoras para os resíduos”, anuncia a Vale. Tais tecnologias devem otimizar a lavra de minério na Serra Norte de Carajás e acelerar a exaustão da principal fonte econômica de Parauapebas. Quanto valem as minas de Parauapebas? Sem contar o valor da infraestrutura que faz a produção das minas de Serra Norte ir tão longe, como a ferrovia e o porto, o preço de mercado do complexo situado em Parauapebas, com instalações e equipamentos associados, era de 2,608 bilhões no final do ano passado. Na cotação de dólar atual, daria algo em torno de R$ 14,87 bilhões. Se estivesse à venda pela Vale, seria o chamado “negócio da China”, visto que, no ano passado, apenas em Parauapebas a mineradora produziu R$ 69,912 bilhões, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Este ano, a produção da Vale no município — de janeiro até o final de março — já totaliza R$ 9,457 bilhões. Resumido: o valor de mercado do complexo Serra Norte é cinco vezes inferior ao que ele produz. De acordo com a multinacional, o volume de minério de ferro medido, provado e provável já localizado dentro de Parauapebas é de 1,59 bilhão de toneladas, a um teor de pureza de 65,8%. A título de comparação, o volume de minério existente na Serra Sul, dentro de Canaã dos Carajás, é de 4,273 bilhões de toneladas, quase três vezes mais, e com teor semelhante.

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