terça-feira, 19 de julho de 2022

Bolsonaro reúne embaixadores para repetir sem provas suspeitas já esclarecidas sobre urnas Presidente usou Palácio da Alvorada e estrutura do governo para questionar o processo eleitoral e atacar o rival Lula e ministros do Supremo Tribunal Federal. Por Mateus Rodrigues, Pedro Henrique Gomes e Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília 18/07/2022 17h09 Atualizado em 4 dias Jair Bolsonaro durante evento com embaixadores no Palácio da Alvorada — Foto: TV Brasil/Reprodução Jair Bolsonaro durante evento com embaixadores no Palácio da Alvorada — Foto: TV Brasil/Reprodução Pré-candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro usou nesta segunda-feira (18) o Palácio da Alvorada e a estrutura do governo a fim de organizar uma apresentação para embaixadores de vários países na qual repetiu suspeitas já desmentidas por órgãos oficiais sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas. Ele também aproveitou o evento para atacar o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à Presidência e primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto, e os ministros Edson Fachin (presidente do Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro faz novo ataque às urnas diante de embaixadores Bolsonaro faz novo ataque às urnas diante de embaixadores Ministros do governo, como Carlos França (Relações Exteriores), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) estiveram presentes à apresentação. O acesso da imprensa foi restrito às equipes que concordaram previamente em veicular a apresentação ao vivo e na íntegra. A TV Brasil, emissora estatal, transmitiu o evento. Atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Edson Fachin foi convidado, mas recusou porque, como chefe do tribunal, "por dever de imparcialidade", não poderia comparecer ao evento de um pré-candidato. Em palestra na Ordem dos Advogados do Paraná (OAB-PR) na tarde desta segunda-feira, Fachin classificou a apresentação como uma "encenação". Sem mencionar o nome de Bolsonaro, o ministro afirmou que há "inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública" e uma "muito grave" acusação de fraude sem provas. Fachin criticou o que chamou de "teia de rumores descabidos", "narrativas nocivas" e "populismo autoritário", e repetiu que não existe nenhuma possibilidade de interferência externas nas urnas eletrônicas, já que elas não são conectadas à internet. O presidente do TSE também disse que a Justiça Eleitoral está preparada para conduzir as eleições de forma limpa, transparente e auditável. Fachin, sobre reunião de Bolsonaro: ‘Inaceitável negacionismo eleitoral’ Fachin, sobre reunião de Bolsonaro: ‘Inaceitável negacionismo eleitoral’ Até a última atualização desta reportagem, a Secretaria de Comunicação do governo não tinha informado quais embaixadores compareceram. Ao final, cerca de 70 carros diplomáticos deixaram o Alvorada. Ao fim do pronunciamento, Bolsonaro exibiu aos embaixadores um vídeo no qual aparece cercado por apoiadores. "Isso acontece no Brasil todo, como eu já disse, o povo gosta da gente. Não pago um centavo para ninguém participar de absolutamente nada", afirmou, sem estabelecer referência entre o vídeo e o tema do discurso anterior. O presidente baseou a apresentação em um inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018, com autorização do STF, sobre a invasão de um hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O TSE já informou, por diversas vezes, que esse acesso foi bloqueado e não interferiu em qualquer resultado. Bolsonaro já recorreu a esse inquérito em outros momentos para apontar suposta fragilidade na segurança das urnas. Ele, inclusive, é alvo de uma investigação no STF por ter divulgado, nas redes sociais, links para documentos sigilosos da PF relacionados ao inquérito da invasão hacker. Em nota divulgada sobre o tema em 2021, o TSE informou que: o acesso indevido ao sistema do TSE por um invasor "não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018"; o código-fonte dos programas utilizados na urna eletrônica passou por sucessivas verificações e testes, e "nada de anormal ocorreu"; uma vez assinado digitalmente e lacrado, o código-fonte não pode sofrer qualquer adulteração – se isso ocorrer, "o programa simplesmente não roda"; as urnas eletrônicas nunca são conectadas à internet e, por isso, não podem ser acessadas ou invadidas a distância; o próprio TSE encaminhou informações à Polícia Federal para a investigação da invasão hacker ao sistema do tribunal; desde 2018, "novos cuidados e camadas de proteção foram introduzidos para aumentar a segurança de todos os sistemas informatizados"; os sistemas usados nas eleições de 2018 estão "disponíveis na sala-cofre para os interessados, que podem analisar tanto o código-fonte quanto os sistemas lacrados e constatar que tudo transcorreu com precisão e lisura". 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